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O incomparável Mendes Bota, o bobo dos Algarves, o bardo pimba, apresentou o futuro primeiro-ministro como um homem de hábitos simples, que vive em Massamá e passou férias no Algarve numa modesta vivenda. Tudo o contrário do antecessor do futuro primeiro-ministro, que habita num luxuoso condomínio privado quando não dorme em S. Bento e passou férias num dispendioso resort de cinco estrelas.
Por imperativos de higiene mental, não me forço ao sacrifício das imagens da chamada “rentrée política”. O PSD num arraial popular no Algarve. O PS, dias mais tarde, Mangualde com o privilégio de receber em euforia o iluminado que nos governa. Sou, portanto, um espectador indirecto. Confio nos relatos dos outros, desses que, coitados, se prestam ao supremo sacrifício de deitar os olhos à indigência que desfila nestas “rentrées” partidárias.
Da “rentrée” socialista só vale a pena gastar um punhado de palavras. Tomara estivéssemos como o timoneiro da nação pintou no seu discurso. Se foi verdade o que li, de tão patético já só sobra a comiseração. O pior é que o tipo nem percebe como está em fim de estação. Por mais que teime em adiar a agonia – a falta de coragem em adoptar medidas de austeridade a sério é a prova de que conta com eleições daqui a pouco tempo (a Alemanha, que não deve estar pior, teve a coragem de cortar a eito) – o quadro florido e cheio de cores garridas é sintoma de um autismo incurável. Que, pelo meio, a seita socialista massaje um culto de personalidade digno dos panegíricos norte-coreanos, é sinal da desorientação de quem sente fugir o tapete (do poder) debaixo dos pés.
O cúmulo da imbecilidade, para não variar, veio do habitual bobo dos Algarves, o Mendes Bota que se gaba de ser um trovador pimba. Este Mendes Bota já pertence à galeria dos ilustres da estultícia. A cada ano que faz de mestre de cerimónias na “rentrée” apimbalhada no Pontal, oferece uma pérola de sapiência populista com o odor a chulé intelectual. Desta vez o bobo dos Algarves quis maquilhar a imagem do seu líder, dizem muitos, o futuro primeiro-ministro. Um retrato enternecedor, diria mesmo comovente, a puxar lustro à luta de classes que caía que nem fato de alfaiate se ali acontecesse um comício do PC ou da extrema-esquerda caviar. Pois o futuro primeiro-ministro (dizem oráculos suspeitos) é um homem modesto, com humilde residência na Massamá fora de moda. Em vez de ir de férias para um luxuoso resort que é um bunker à curiosidade da populaça (a escolha do actual timoneiro da nação), foi para a Manta Rota, um destino da populaça.
Já devíamos estar habituados a dar o devido desconto aos ditirambos do bobo dos Algarves. Afinal, precisamos de um palhaço que nos divirta – e a época estival é para isso mesmo, para a diversão. Falta saber o seguinte: aquilo foi uma escorregadela para o chinelo imputável ao bobo dos Algarves, ou a gente do PSD revê-se na narrativa? Neste caso, é o mal que se apodera dos partidos que se colocam no centro da paisagem partidária. São ambivalentes – aquilo que, noutros futebóis, se chama “dar para os dois lados”. Com esta imagem de um Salazar recauchutado (os hábitos monásticos, ou quase), querem tirar votos à esquerda que é titular exclusiva da imbatível consciência social? E onde fica o esvaziamento do CDS (pois não se vê o tradicional votante deste partido, a pender para o elitismo, seduzido pela narrativa classista)?
Os meus amigos do PSD virão dizer que ataques destes ao futuro primeiro-ministro só favorecem a sobrevivência do seu antecessor. Estou-me nas tintas. Concedo: pior do que o actual inquilino do poder é impossível. Mas não estou a ver que o seu sucessor seja tão melhor. E não o será com esta bazófia da personagem que veio do nada e mantém hábitos humildes. Lamento dizê-lo, essa não é credencial abonatória da qualidade da governação.
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