27.5.11

Os paquistaneses do PS são como os mortos do Benfica


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Às vezes arrependo-me de não passar os olhos nas campanhas eleitorais (já vem de longe o higiénico hábito de desligar dos noticiários da televisão em vésperas de eleições). Dou conta, por portas travessas (as dos jornais), que há momentos hilariantes que mereciam ser testemunhados por uns olhos carentes de circo.
Às vezes, o desespero ateia o tresmalho da perspicácia nos que sentem o tapete fugidio. Procuram redenção numa inventiva tirada, num resgate que inverta a tendência inoportuna. Mas as teias ensarilhadas enredam a lucidez dos tacanhos intérpretes da suposta criatividade. Coitados, nem percebem como caem no ridículo, de como a inventividade e o risível se confundem num só. É quando campeia a aflição dos que se supõem em breve despojados das sinecuras por onde se enfartaram.
Isto que vem a seguir foi lido em jornais, com o amparo de fotografias que documentavam a proeza. A malta socialista organizou comício em Évora com presença do querido líder. Podia lá a praça principal estar meio despida aos olhos dos jornalistas. Não fosse o diabo tecê-las, lembraram-se de encher autocarros com paquistaneses, indianos e moçambicanos que aspiram (mas ainda não tocaram) à nacionalidade lusitana. Houve entrevistas aos exóticos homens que trajavam turbante. E – ó surpresa fatal – os inusitados convidados não sabiam peva da língua maltratada no comício. Já aos moçambicanos era dada a entender a lição de sapiência do querido líder. Mas estes não têm cartão de eleitor, ficou por explicar o que ali foram fazer.
Os olhos dos politólogos de todo o mundo deviam estar virados para a sublime criatividade do aparelho socialista. Deviam aprender que o cosmopolitismo também tem um lugar nas eleições e nas campanhas eleitorais que as precedem. Que interessa que os paquistaneses e os indianos não percebessem uma palavra soletrada no discurso do querido líder? Assim como assim, para a frivolidade política dominada pelo feérico já não conta a substância. Pouco interessa o que dizem os protagonistas quando sobem ao palco. O que conta é o cenário em redor. E se ele fica engalanado por um punhado de homens de turbante e de negros sem direito a voto, que se soltem os aplausos: estes homens não participam nas eleições mas batem palmas, e entusiasmadas, ao que não entendem dito pela boca do querido líder.
É uma injustiça que o PS não possa levar às mesas de voto, e pela trela (de preferência), estes estrangeiros. Deviam ser instruídos para depositarem a cruz na quadrícula à frente daquele partido que ostenta um anacrónico punho fechado (ou uma rosa, ou lá o que é). Abria-se uma época de caça ao imigrante indocumentado, dando-se-lhe direito de voto excepcional. Três coelhos apanhados na mesma cajadada: quem chegasse primeiro aos imigrantes tinha direito de preferência no respectivo voto; lá se abatiam uns valentes pontos percentuais à abstenção que tanto envergonha a muito séria democracia; e seríamos, outra vez, a vanguarda nalguma coisa, com o exemplar cosmopolitismo eleitoral.
Ah socialistas de um raio, que o ambiente de fim de festa tolda-vos o raciocínio. Parecem os do Benfica, zelosos dos seus não-sei-quantos milhões de adeptos, onde até os sepultados em cemitérios e nascituros parecem contar para a estatística.
Ao menos, leguem-nos esta barrigada de riso! 

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