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Espreito. Os olhos divididos
pela algazarra colorida dos desenhos animados e a excitação dos meninos, e o
livro que já cansava os olhos. E não sei se me detenha nas personagens garridas
dos desenhos animados, se no embevecimento dos meninos. Ensaiam espasmos quando
o herói salta no vazio, e enquanto não confirmam que o herói não se estropiou.
Talvez não lhes tenham ainda ensinado, ou sejam ainda imberbes para a
empreitada, que não acontece as histórias reais terem final consagrado pelo
sorriso desarmante dos espetadores.
Uma menina, cansada pelo
belicismo encapotado da animação que ocupava o ecrã, apoderou-se do comando.
Foi dedilhando os canais infantis. Estacionou num desenho animado com bonecas e
princesas e fofos animais de estimação. Os rapazes não esconderam um esgar de reprovação.
Só dois, ainda sem tirocínio para o datado cavalheirismo que aprenderão com o
Prof. Espada, vociferaram o desprazer. Os cavalinhos faladores que acompanham
as princesas e as meninas boas (tira-se-lhes a pinta da bondade à distância)
são ansiolíticos para as já notórias hormonas que reclamam adrenalina.
Um deles, mais boçal a
brutamontes, tirou à força o comando do regaço onde a menina o tinha escondido.
Com dois safanões e um arranhão no rosto, marcado a carmim avivado. A menina
esboçou um choro. Tornou-se convulsivo. Os rapazes, triunfais, desdenharam. E
só três meninas foram junto da chorosa para limpar as lágrimas. Uma delas
protestou contra a ferocidade dos varões. Riram ainda mais, atiraram pilhérias
que seriam acusação de bullying de
género por feministas com especialidade em pedagogia (um mal não vem só).
Desenhos animados e dissidência de
sexos. As animações com profusão de armas e explosões e corpos em decesso
prendiam a atenção dos rapazes, estorvando as meninas. Não admira que o
imaginário popular perdure na intemporalidade das gerações. O dissenso de
género, pela necedade de rapazes imersos na insensibilidade genética, é o
travão das ambições feministas. É o raio da genética?
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