In http://www.osconstitucionalistas.com.br/wp-content/uploads/bitzceltflick3.jpg
“Os
polícias, se puderem, fazem escutas ilegais.” Pinto Monteiro, o
procurador-geral da república que, supostamente, defende a legalidade contra os
seus algozes.
Quero lá saber das guerras de
manjerona, da baixa política que instrumentaliza o procurador-geral. Mal anda
tudo isto quando gente que vem da política e devia, ao menos, fazer de conta
que exterioriza responsabilidade e conhecimento, mistura política com justiça e
justiça com política. Amadores que não sabem o que é a separação de poderes. Ou
mentes retorcidas que aprenderam o axioma, mas não têm peias em pisá-lo quando a
mesquinhez da luta entre partidos fala mais alto. Quero lá saber das
especulações sobre o próximo procurador-geral. Enquanto for nomeado por acordo
dos partidos que nos puseram neste estado pré-comatoso, não se espere
independência do titular do cargo. Tudo isto são bitaites que não arranham o
ouvido ao pé da distraída (ou inocente) confissão do ainda procurador-geral:
ponham meios à mão de semear e os senhores da polícia desatam a espiolhar a
vida de quem estiver a jeito, mesmo que as escutas sejam ilegais. É isto que
devia interessar às pessoas. Ninguém está imune às intromissões ilegais. Mas o
pior está para vir: então não nos ensinaram que a polícia persegue quem comete
ilegalidades, levando meliantes à justiça? Agora tomamos conhecimento, pela
incontinente boca do procurador-geral, que os polícias são os primeiros a
delinquir. Que se dane a teoria mal amanhada dos fins que justificam os meios. Os
fins nunca justificam que os meios
usados sejam uma traficância de valores que são esteios. Nunca. O mal é a
fronteira pouco nítida entre o “agora vamos abrir uma exceção para escutarmos
as conversas telefónicas de fulano” e o “agora não, que isso passa dos limites
da legalidade”. Um dia destes, vai-se lá saber onde o poder que sobre nós se
abate se vai meter. O que leva, em jeito de conclusão, a propor uma boa
possibilidade de negócio: cursos de defesa contra intromissões dos polícias e
dos serviços secretos, com elevado débito de software e hardware.
Imagino que estes cursos teriam de ser clandestinos. Como é clandestina e
ilegal a atividade das polícias que espiam e espiam e espiam.