17.9.12

Os políticos são como os árbitros


In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiwr33UeqcKeWPLyn9cU1COVt7v43BKph6RnvdhwCA39EvU_t_nWbBVWIVQPWYOStJRcAonEM8jP13DTE_cyXeGLRmUlkZEriHlYVDS5BFkpot9T6EC2mEXYd-kaGIzMe_WPUADsQ/s400/putas-ao-poder_portugal_porreiro.jpg
Porque fazem o que lhes apetece, têm a faca e o queijo e são eles que cortam como querem. Porque se deixam seduzir por interesses, inclinando o tabuleiro das decisões. Porque as suas mãezinhas são vilipendiadas, injustamente ultrajadas. Hoje, que a populaça quase em uníssono (se as manifestações de anteontem forem critério de alguma coisa) destila ira contra os políticos que desfazem sonhos de uma assentada só, a classe põe-se a jeito dos impropérios de variada jaez. Da amostra de fotografias das manifestações, os cartazes obedecem aos pregões devolvidos pela criatividade de quem os inventou. Há insultos, ministros tratados por tu, tremenda falta de respeito por governantes, outros que o foram e ainda outros que aspiram vir a sê-lo. É como os árbitros, renegados pelos espetadores de um jogo; os árbitros são vítimas da iracunda exacerbação dos adeptos. Muito se protesta nas bancadas dos estádios, com um cortejo abundante de impropérios que deixaria no limiar da demência qualquer alma mais sensível. Quando a crise morde no pescoço há irritabilidade à flor da pele. O escárnio, as palavras malsãs, as ofensas e os ultrajes da classe política são causa e têm um efeito. Causa, porque a classe política trouxe-nos a este estado comatoso. Mas também um efeito: já poucos respeitam quem entra para a política e acaba sentado no férreo cadeirão de um poder qualquer. Em havendo falta de respeito, quem assim se porta semeia mais reações desabridas. Se nem quem nos governa respeitamos, qual é a serventia do poder político, dos governos, dos parlamentos? O pior é imaginar um político a querer sossegadamente passear, a ser abordado a meio do pensamento e expor-se a comentários desagradáveis de um transeunte, ou até agressões. Já nem podem sair à rua. Percebo agora por que tantos notáveis, sempre na lista de espera para atingirem o estrelato do governo, decaem na ideia ao anteciparem os insultos quotidianos. Ele há melhor receita para a insónia?

Sem comentários: