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Sabem as flores que veem nos
parapeitos das janelas? Elas são a cor dos dias belos que não amanhecem todas
as vezes. Quando a madrugada se entristece atrás das nuvens cinzentas que
pintam o tédio no céu, as flores metem os olhos para dentro, escondem as pétalas
coloridas. Elas subtraem muita cor aos nosso olhos. Fazem como os ursos no
inverno: hibernam à espera que o tempo mostre uma cara bonita. Eu sei que vocês
ficam assustados porque as flores não se mostram todos os dias. Têm razão em
ficar amedrontados: o medo morde fundo na carne, deixa-nos inquietos, com as
mãos suadas, sem toda a lucidez do pensamento. Não temam. Se não houvesse dias
tristonhos, não tínhamos como saber como são dias bonitos. Se um de vocês
perguntar se as flores se conservam muitos dias encerradas em muitos sendo os
dias sem a irradiação do sol, digo-vos que não. Se os dias de chuva parecem
intermináveis, as flores cansam-se do seu esconderijo, sofrem da fadiga da
tristeza. Nessa altura, saem do casulo. Primeiro espreitam, quando lhes cheira
a alvorada, só para verem se a madrugada vem encavalitada nos raios do sol. Se
acontece outro dia de nuvens carregadas, as flores vão deitando as pétalas para
o exterior, devagarinho. Primeiro a medo, pois não sabem se a ausência de sol
contamina as pétalas, deixando-as mirradas. Depois, quando notam que não vem
mal ao mundo de um dia de tantas nuvens sobrepostas ao sol escondido, deitam as
pétalas cá para fora, lavando todos os receios. E assim ficam, não tão garridas
quando são ungidas por um dia soalheiro, as pétalas a enfeitar um dia que se
diria tristonho. Pois que até nos dias que não apetece consagrar à grandeza de
fazermos parte deste mundo, a tristeza se intimida com a força de ser.
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