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Está tudo bem. Enquanto houver
alvoradas. Assim como assim, nem interessa se veem carregadas com o timbre
tristonho da chuva, ou com a resplandecência do sol viçoso. Haja almofadas a
testemunhar o acordar quotidiano. O resto, detalhes que navegam na irrelevância
a que pertencem os detalhes. Os tempos não vão de feição – dizem. E quem
discorda? Todavia, há o bem maior de ter as alvoradas por bem dispostas
companheiras (e uma família e as pessoas que nos são queridas, até um qualquer
ato administrativo se lembrar de nos tributar pelas amizades e amores).
Continuamos a ter as veias inflamadas pelas palavras comoventes, pelos gestos
que consolam, por um olhar que tutela mais do que um aluvião de palavras. E
temos o absurdo em redor atirando os confettis do surrealismo. Sem ele, o tempo
ia para madraço, prisioneiro da sua monotonia. Até quando o negrume açambarca o
horizonte, amaciando o olhar que decai na tristeza, saibamos cavar fundo para
dirimir as incompatibilidades com o encapelado mar dos problemas. Das duas,
uma: ou os problemas se transfiguram, reduzidos à condição de insignificância;
ou os problemas são encaixados, olhando-os de frente como numa pega valente.
Poderão as ruínas atiçar poeira tóxica e o corpo iniciar o lento envenenamento.
Ou poderemos meter os olhos de frente à coisa problemática, sem cuidar de desgastar
o tempo escasso nas angústias que esperam nas esquinas das aflições. O olhar
desvia-se. Não foge; declina as consumições demoradas que embaciam os moinhos
de vento onde se terçam os sonhos. Pois aí nunca empobrecemos, nem perdemos
quem nos é querido, nem somos assaltados por diabretes que se apoderam das
palavras que queríamos dizer só depois de as termos lido. Uma borboleta violeta
atravessa-se na contumácia da luz matinal que desvela os segredos de um dia. Empresta-lhe
a cor violeta. De repente, perdemos o rasto à borboleta. Mas não interessa. A
cor já tinha sido tingida ao dia por diante.
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