4.2.04

Os estereótipos de Fernando Rosas

Ler os artigos de opinião de Rosas é sempre recompensador. Serve para afinar a bússola, com a agulha apontada para os antípodas das ideias deste senhor. Hoje decidiu investir contra a “direita trauliteira”, representada pelo CDS-PP. Não vale a pena olhar para a argumentação. Simplesmente não vale, quanto mais não seja por falta de tempo.

Não posso deixar de comentar uma tirada deliciosa do famoso historiador:

Há que reconhecer que eles já criaram uma imagem de marca, os "cavaglieri" lusitanos. Muito engomadinhos e pomposos nesse estilo de compromisso entre o vendedor de Alfa Romeos e o estagiário pretensioso de firma chique de advogados, com o seu convencionalismo postiço (…)”.

Já se sabe que esta esquerda adora estereótipos. Aliás faz parte do seu património genético de intolerância. A tentação para os rótulos tem o eficaz efeito de segregar o adversário. Hoje ficámos a saber que esta direita é toda feita de um misto de vendedores de Alfa Romeos, muito engomadinhos, encaixando no perfil dos pretensiosos advogados estagiários. Fica tudo no mesmo saco: mesmo as mulheres e as pessoas mais idosas, sem perfil para trajarem as vestes engomadas nem idade para serem advogados estagiários.

Adoro estes estereótipos! Sobretudo vindos de alguém que vi a pavonear-se, deliciado, em Budapeste, com a sua camisa Pólo Ralph Lauren adicionada à inevitável pochette trazida a tiracolo, qual herança dos saudosos tempos do Maio de 68 (a pochette, não a camisa – que essa é sinal de hábitos mais…burgueses)!

Também não gosto, nem um pouco, “desta direita” que é hoje acintosamente dissecada por Rosas. Mas apetece concluir da seguinte forma: perante tamanha manifestação de intolerância, perante as evidências de que o senhor Rosas não convive bem com a liberdade de expressão, prefiro esta “direita caceteira” do que as cacetadas à liberdade que o senhor Rosas poderia aplicar se lhe fosse dado poder para tal.


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