Que vivemos num mundo violento não é novidade. Que a violência assume proporções gigantescas, também não. Violência que se reveste de requintes de malvadez nunca vistos. A Rússia é flagelada por uma sucessão de atentados perpetrados pelos radicais chechenos. Em duas semanas, já lá vão três acções terroristas: os dois aviões que explodiram no ar quase em simultâneo, a bomba que matou uma dezena de pessoas em Moscovo e, agora, o atroz sequestro de uma escola na Ossétia do Norte, com o rapto de mais de trezentas crianças e adultos. Em Israel, mais um atentando numa série que alimenta a bola de neve imparável da violência a que se segue mais violência. No Iraque, há a lamentar a morte de catorze nepaleses que se aventuraram no Iraque em busca de um efémero bem-estar material, sem que o Nepal tivesse forças militares estacionadas naquele país. A França – que sempre esteve contra a intervenção anglo-americana no Iraque – está chocada com o sequestro de dois jornalistas que serão poupados à morte se o governo francês revogar a lei que impede sinais religiosos em escolas e outros locais públicos.
Esta bebedeira de violência traz uma escalada assustadora, mostra um mundo ensandecido. Os episódios mais recentes têm um traço em comum: os sacrificados são inocentes. Sinto-me à vontade para explorar este tema porque, em certos casos, há uma compreensão lógica das causas que motivam os terroristas. Das causas, nunca dos métodos escolhidos. Porque envolvem o sofrimento da parte mais fraca, de pessoas apanhadas na armadilha do terror, pessoas indefesas que pagam com a vida a imbecilidade de quem não olha a meios para atingir os fins.
Por exemplo, simpatizo com a causa palestiniana – descontados os radicalismos que Arafat finge não conseguir controlar, descontada a queda de Arafat para a cleptocracia. Compreendo que alguns chechenos se queriam emancipar da Rússia. É legítimo que alguns iraquianos se sintam violentados pela continuada invasão de forças militares estrangeiras. A tudo isto se adiciona a necessidade de evitar juízos etnocêntricos. Um dos grandes males do mundo contemporâneo é a incapacidade para compreender aquele que é diferente de nós. Temos a tendência para ajuizar os outros à imagem dos modelos pelos quais nos regemos, desconhecendo que os outros se filiam numa matriz de valores bem diferente. Mesmo que se abrace uma forma de ver o mundo não etnocêntrica, nem assim é admissível a onda de violência que varre diversos locais do planeta, ceifando a vida de inocentes.
Estes movimentos que se banqueteiam de um terror fácil fazem-me lembrar os anos da infância vividos na escola. A convivência de meninos de idades diferentes punha lado a lado crianças com diferentes compleições físicas. Funcionava o efeito sanduíche, quando uns valentões pulavam de um lado para o outro, ameaçando os mais novos e acobardando-se perante os mais velhos. Estes valentes, com gosto pela violência gratuita, serviam-se dos mais novos, os mais fracos, para exercitarem a sua valentia. Mas quando se aproximavam os mais velhos nem tugiam, por temor que a maior envergadura física falasse mais alto e a violência revertesse contra eles. Esta é a imagem que vem à memória quando interpreto a terror espalhado por estes movimentos terroristas: insurgem-se os governos, mas sem força para combater as forças militares vingam-se na parte mais fraca, nas pessoas inocentes.
É inquietante observar que o que pensávamos ser o limite é ultrapassado por mais um golpe de violência. Os exemplos são abundantes. A morte dos trabalhadores nepaleses no Iraque é a demonstração da gratuitidade destes actos de terror. O método escolhido para levar o governo francês a abdicar da absurda lei que proíbe os símbolos religiosos é o espelho de como os terroristas perderam a noção da realidade. O que se vive no infantário algures na Ossétia do Norte é o epílogo da bestialidade. Manter aprisionadas crianças de tenra idade passa das marcas.
No país onde vivemos, com o dom inestimável de uma sociedade pacificada, exulto pelas reacções apaixonadas de rejeição de certos sectores mais à esquerda perante estes episódios de violência. Deixando de lado o cinismo da afirmação anterior, o que se tem notado é o silêncio absoluto. Só têm olhos para a violência institucionalizada – das acções bélicas do exército dos Estados Unidos, ao terrorismo de Estado de Israel. Até concordo com a condenação. Só lamento que actuem como o animal que transporta palas nos olhos que o impedem de olhar noutros sentidos. Seria bom ouvir palavras de condenação em relação a todos os actos de terrorismo que trazem uma maré viva de violência. Mas não, nem uma palavra de condenação.
Porventura isto explica a enorme tolerância que estes sectores têm, e que os levou ontem à vandalização da sede do CDS-PP. Também aqui nem uma palavra de condenação se ouviu do PCP, Bloco de Esquerda e quejandos. A tolerância é muito bonita quando são eles a definir o que é tolerável. Para além dessa dimensão, não há tolerância possível. Eis os campeões da democracia, aqueles que azedam a palavra quando a colocam na sua boca.
Esta bebedeira de violência traz uma escalada assustadora, mostra um mundo ensandecido. Os episódios mais recentes têm um traço em comum: os sacrificados são inocentes. Sinto-me à vontade para explorar este tema porque, em certos casos, há uma compreensão lógica das causas que motivam os terroristas. Das causas, nunca dos métodos escolhidos. Porque envolvem o sofrimento da parte mais fraca, de pessoas apanhadas na armadilha do terror, pessoas indefesas que pagam com a vida a imbecilidade de quem não olha a meios para atingir os fins.
Por exemplo, simpatizo com a causa palestiniana – descontados os radicalismos que Arafat finge não conseguir controlar, descontada a queda de Arafat para a cleptocracia. Compreendo que alguns chechenos se queriam emancipar da Rússia. É legítimo que alguns iraquianos se sintam violentados pela continuada invasão de forças militares estrangeiras. A tudo isto se adiciona a necessidade de evitar juízos etnocêntricos. Um dos grandes males do mundo contemporâneo é a incapacidade para compreender aquele que é diferente de nós. Temos a tendência para ajuizar os outros à imagem dos modelos pelos quais nos regemos, desconhecendo que os outros se filiam numa matriz de valores bem diferente. Mesmo que se abrace uma forma de ver o mundo não etnocêntrica, nem assim é admissível a onda de violência que varre diversos locais do planeta, ceifando a vida de inocentes.
Estes movimentos que se banqueteiam de um terror fácil fazem-me lembrar os anos da infância vividos na escola. A convivência de meninos de idades diferentes punha lado a lado crianças com diferentes compleições físicas. Funcionava o efeito sanduíche, quando uns valentões pulavam de um lado para o outro, ameaçando os mais novos e acobardando-se perante os mais velhos. Estes valentes, com gosto pela violência gratuita, serviam-se dos mais novos, os mais fracos, para exercitarem a sua valentia. Mas quando se aproximavam os mais velhos nem tugiam, por temor que a maior envergadura física falasse mais alto e a violência revertesse contra eles. Esta é a imagem que vem à memória quando interpreto a terror espalhado por estes movimentos terroristas: insurgem-se os governos, mas sem força para combater as forças militares vingam-se na parte mais fraca, nas pessoas inocentes.
É inquietante observar que o que pensávamos ser o limite é ultrapassado por mais um golpe de violência. Os exemplos são abundantes. A morte dos trabalhadores nepaleses no Iraque é a demonstração da gratuitidade destes actos de terror. O método escolhido para levar o governo francês a abdicar da absurda lei que proíbe os símbolos religiosos é o espelho de como os terroristas perderam a noção da realidade. O que se vive no infantário algures na Ossétia do Norte é o epílogo da bestialidade. Manter aprisionadas crianças de tenra idade passa das marcas.
No país onde vivemos, com o dom inestimável de uma sociedade pacificada, exulto pelas reacções apaixonadas de rejeição de certos sectores mais à esquerda perante estes episódios de violência. Deixando de lado o cinismo da afirmação anterior, o que se tem notado é o silêncio absoluto. Só têm olhos para a violência institucionalizada – das acções bélicas do exército dos Estados Unidos, ao terrorismo de Estado de Israel. Até concordo com a condenação. Só lamento que actuem como o animal que transporta palas nos olhos que o impedem de olhar noutros sentidos. Seria bom ouvir palavras de condenação em relação a todos os actos de terrorismo que trazem uma maré viva de violência. Mas não, nem uma palavra de condenação.
Porventura isto explica a enorme tolerância que estes sectores têm, e que os levou ontem à vandalização da sede do CDS-PP. Também aqui nem uma palavra de condenação se ouviu do PCP, Bloco de Esquerda e quejandos. A tolerância é muito bonita quando são eles a definir o que é tolerável. Para além dessa dimensão, não há tolerância possível. Eis os campeões da democracia, aqueles que azedam a palavra quando a colocam na sua boca.
12 comentários:
Relativamente à parte final deste teu comentário, tenho a dizer o seguinte:
Se tivesse que rotular a minha posição no campo da política, considerar-me-ia mais próximo da esquerda do que da direita (mas assumo que há alguns aspectos em que sou mais a favor de posições mais próximas da direita), no entanto, sobre esta esquerda que referes, a que tem palas, só posso dizer uma coisa: já morreram e não sabem.
Mas a questão das palas coloca-se em mais níveis na nossa política. Neste país, qualquer governo que entre de novo (seja qual for o partido), salvo muito raras excepções, ainda não apresentou o programa de governo e já a oposição diz que vai votar contra; qualquer projecto lei é votado contra tendo em conta a sua fonte e não o seu conteúdo; é aquele princípio que leva a assobiar o arbitro num jogo de futebol mal ele entra no campo.
Enfim, para destruír, estamos cá! Para construír, outros que trabalhem!
Os nossos políticos, acima de tudo pertencem a um grupo, defendem esse grupo. Lembram-se da razão da sua existência apenas 3 ou 4 semanas antes das eleições.
Esquecem que esta postura, votar a favor ou contra consoante a cor, criticar terroristas consoante os paises envolvidos, só leva ao descrédito das suas posições.
Alguém liga alguma coisa ao que diz um político destes? Antes de falar já sabemos o que vai dizer.
Resumindo, alguém liga alguma coisa ao que dizem a generalidade dos nossos políticos?
Ponte Vasco da Gama
Excelente descrição da classe política que nos calhou em sorte, Ponte Vasco da Gama!
A credibilidade anda pelas ruas da amargura. Sem credibilidade, onde pára a legitimidade? A pergunta pode-se fazer por outro prisma: levando ao extremo o retrato feito, se ninguém leva em boa conta estes políticos que se querem governar (seja no governo ou na oposição - que as benesses chegam mesmo aos que não estão no governo, por exemplo, no parlamento ou nas nomeações para empresas públicas e afins) em vez de fazerem boa governação, escolhemos o quê quando nos pedem para depositar o voto na urna?
Paulo Vila Maior
Caro Paulo,
Li este texto extenso mas pleno de conteúdo e julgo que retrata bem a realidade actual. Se calhar esta ainda é pior.
Quanto ao que diz o Ponte Vasco da Gama, do destruír e do construír é para os outros, é verdade, penso que a maioria está pronta para mostrar o seu engenho para o mal e pouco faz em prol da sociedade. A este respeito, gostava de perguntar a todos aqueles que intervêm neste chat (e em particular aqueles que têm uma propensão só para dizer mal), qual é e qual deveria ser o papel de cada um na sociedade?? Será que estamos aqui para pensarmos só em nós - como se estivessemos isolados do resto - ou temos cada um a nossa função social??
É verdade que a situação social e política actual não é propícia a uma intervenção solidária e apartidária, mas será que podemos encontrar novas formas de participação?? Não será este chat uma destas??
Poderia sugerir como um próximo tema: novas e alternativas formas de participação na sociedade à parte do sistema político actual.
(Atenção: fazer política é uma coisa - e isso estamos todos a fazer - intervir no sistema actual é outra).
Um abraço a todos e sugiram.
Batido
Batido:
Para começar, devo confessar a minha insensibilidade social. Não se trata de puro egoísmo. Muitos confundem egoísmo com individualismo, como se um individualista seja necessariamente um egoísta. Ser-se individualista é crer em cada pessoa, nas qualidades que possui, na apetência que cada um tem para prover o seu melhor. Quando se constrói a abstracção da sociedade, do colectivo, e tropeçamos em teorias que nos querem acantonar no meio envolvente, vejo essas teorias como uma desfocagem da realidade. Não acredito que as acções humanas sejam motivadas por qualquer coisa tão indefinida como o “bem-estar comum”. Porque tal coisa não existe – e quando ela é ventilada aos quatro ventos por políticos e aprendizes, é um simples totalitarismo que se impõe sobre a consciência de cada indivíduo.
Não estou a defender que cada um rume sem destino. Pode apenas acontecer que os rumos sejam bem diferentes, sem que daí resultem danos para a organização da vida em comum. O grande risco de nos entregarmos nas mãos dos “engenheiros sociais” que se colocam um degrau acima dos “comuns mortais” é vermos os nossos destinos comandados por vontades que nos são alheias. Quando a intrusão é abusiva, reagimos, criamos obstáculos para impedir a sua concretização. Mas a maior parte das vezes a coacção é quase imperceptível, e resignamo-nos a ver o nosso destino predeterminado por outros. Achamos que o desvio não é assim tão importante. Sem darmos conta, somos nós mesmos os carrascos da nossa vontade individual, em nome de um bem comum que nos é imposto sem que o possamos controlar na sua racionalidade.
Estas palavras servem também para agradecer o elogio (indirecto) que fazes. Contudo, lamento informar que o objectivo do blog não é fazer “intervenção social”, ou agitar consciências, nada do género. Trata-se apenas de um exercício de quem gosta de escrever, de quem faz desse exercício uma profilaxia de higiene mental. Permitindo, ao mesmo tempo, que aqueles que se dão ao trabalho de ler os textos os possam comentar.
Paulo Vila Maior
Aos Srs. Ponte Vasco da Gama e Batido:
- Aquilo que o Sr. Ponte Vasco da Gama critica é exactamente o que faz. Destroi e não propõe nada para construir.
Eu sei que estou a fazer o mesmo. Mas assumo-o. Não me ponho com posturas de quem vê o que mais ninguém vê.
- Quanto ao Sr. Batido, a sua intervenção é de um lirismo que "comove". Este homem vive em que mundo??
No fundo, o único que manifestou algum bom senso foi o promotor deste blog ao afirmar no último comentário qual a sua motivação para este seu exercício diário: profilaxia de higiene mental.
Meus senhores, vamos dar a isto a sua verdadeira dimensão. Um escape!
E reforcem a vossa capacidade de "encaixe".
E não posso deixar de finalizar com uma nova mensagem para o Sr. Batido: o Sr. é hilariante!
Eça
Caro Paulo:
Dirigo-me a ti em particular, porque foste tu aquele que iniciou este debate a até agora manifestou uma opinião construtiva (à parte de um pequeno comentário do Vasco da Gama). Quando eu coloco várias questões sobre o papel de cada um em termos sociais não é no sentido que percebeste, ou seja, de "um totalitarismo que se impõe sobre a consciência de cada indivíduo", de algo que vem de fora e é imposto a cada um, mediante uma instrumentalização dos tais “engenheiros sociais” que se colocam um degrau acima dos “comuns mortais”. Não. Aquilo a que eu me refiro é uma introspecção, a uma auto-consciência, que mais não é do que um reviver de algumas das questões filosóficas que alguns de nós apreendemos na nossa escola e que alguns não aprenderam sequer e outros esqueceram - seguramente que compreendes a que me refiro.
Não me refiro propriamente ao individualismo. Podemos ter uma actividade individual e conscientes do que fazemos e do nosso papel em sociedade. Por exemplo, como pais, como filhos, como professores,etc, etc...
A este propósito, ouvi uma vez um professor meu, espanhol, a referir-se ao papel que cada um deve ter num sistema social moderno.
É claro que esta introspecção e consciência social não existe em todos. Por diversas razões, aprendem a viver em sociedade segundo regras muito próximas de outras espécies: do salve-se quem puder!
Não podemos afirmar que noutros países é diferente. Mas penso que em alguns há algumas diferenças.
A referida auto-consiência é algo que se constroí e que tem de partir de bases sólidas, da educação e do civismo. Ora aí é que o panorama é muito mau em Portugal.
Vivemos muitas vezes do chico espertismo e de uma cultura de laxismo e de não exigência. Se formos mais exigentes connosco e com os outros vamos ter muitas dores de cabeça, mas se calhar iremos construir um pais melhor, para os nossos netos!
Quanto à intervenção social, meu caro Paulo, permite-me de discordar, num sentido lato, é isso mesmo que estamos a fazer - claro de forma ténue- neste blogg. Estamos a pensar naquilo que nos rodeia e a mostrar publicamente a nossa posição crítica, mas construtiva e inconformada(pelo menos alguns dos que intervêm aqui). Isso é intervir publicamente, sem mais.
Quanto ao resto... para quê dar ouvidos e atenção? O meu silêncio mantém-se para os casos e posições em que a razão não tem morada habitual.
Um abraço amigo,
Batido
Batido:
Não alcançaste a minha amargura em relação aos famosos “engenheiros sociais” que se acreditam como modeladores dos comportamentos individuais. Quem se apresenta como moralista em causa alheia causa-me náuseas – é só isso. Não te vejo encarnando essa terrífica espécie. Tu podes questionar o papel de cada um em termos sociais sem resvalar para atitudes totalitaristas. Onde diferimos é neste ponto, da necessidade de intervenção social. Aceito que sintas essa necessidade, como se fosse algo fisiológico. Se é espontânea é salutar. Só tem que ser respeitada. Da minha parte, só existe sentimento abúlico. Será uma passividade ociosa, mas não encontro qualquer necessidade de fazer intervenção social, ou de questionar o meu papel na sociedade (e muito menos o papel dos outros).
Paulo Vila Maior
Caro Paulo,
Eu percebi o que querias dizer,mas a minha provocação inicial não era nesse sentido.
É claroque devemos respeitar a forma de ser de cada um e respeitar a liberdade para se comportarem livremente em sociedade. No entanto, sou daqueles que defendo intransigentemente que a liberdade de cada um não é absoluta mas deve terminar na medida em que coloque em causa os direitos dos outros.
Não sou partidário de um servilismo social.Cada um deve poder ter a sua forma de ser livremente.Mas, não nos podemos esquecer que estamos em sociedade e que há regras de boa e sã convivência, quer queiramos quer não(e alguns não querem, como já vimos por aqui).
Eu entendo que todos deveriam respeitar essas regras,indendendemente depois da sua liberdade de actuação (com limites é claro). Não estamos a falar de regras jurídicas! Mas de regras sociais, culturais e civilizacionais. No fundo, regras de mútuo respeito.
E esse respeito é, a meu ver, o respeito pela dignidade do outro como ser humano (o que parece que é muito olvidado neste Portugal).
Quanto ao aspecto da intervenção, com respeito pela tua opinião, não partilho o conformismo. A minha forma de ser leva-me a intervir quando penso ser oportuno. Não é sempre mas quando penso ser o momento. Quando o respeito desaparece e "vem a tona o menos racional",então, penso que se deve chamar à atenção. Senão,o risco é a generalização e a banalização deste tipo de comportamentos - como já acontece neste Pais,em muitos casos.
Ainda bem que podemos trocar livremente estas opiniões. Só espero que não venham interrompê-las com trivialidades e críticas amorfas.
Um abraço amigo,
Mário
Caro Paulo,
Percebi a alfinetada quanto ao sentido de ir votar. Mantenho a minha posição. A resposta a tudo deve ser dada na urna (com o voto em branco, por exemplo). Não conheço sistema melhor do que este do voto na urna, apesar de todos os seus defeitos.
Quanto ao Eça, este tipo é um postal! Ando a tentar perceber qual é o papel dele neste blog e ainda não cheguei a nenhuma conclusão. Embora não aprenda nada com o que ele escreve, diverte-me. Continue!
Ponte Vasco da Gama
Batido:
Tudo o que dizes em relação a regras de conduta social enferma de um vício: elas partem da assunção do indivíduo. Se todos formos indivíduos – mas não egoístas – são dispensáveis as “regras de convivência social” que cedo se transformam na tal intrusão na esfera de cada um.
Em relação a tua não concordância com o meu “conformismo”: repara que é perigoso sermos absolutos na defesa de comportamentos. Não te esqueças que há muitas coisas que são relativas. Um valor sagrado para ti pode ser irrelevante para outros. E desde que haja respeito recíproco, não vejo porque se deve fazer uma intervenção para impor a nossa vontade e os nossos valores a outros que estão sossegados no seu canto. É com estes precedentes que se edificam intervenções excessivas, totalitárias mesmo. Porque passa a ser difícil encontrar um limite para além do qual não é legítimo actuar. Com o risco acrescido de que esse limite é muito volátil. Tenho para mim que, na dúvida, nada fazer!
Paulo Vila Maior
Sr. Batido,
Afinal o que é que o professor espanhol lhe disse sobre o papel que cada um deve ter num sistema social moderno?
Que devemos mudar o mundo intervindo num blog?
Já que preza tanto quem dá e discute ideias, aqui vai uma: Não existirão outros meios mais próprios e honestos para lutar por novos ideais?
"Próprios" porque a sociedade actual prevê a existência de movimentos, partidos, associações, etc. para esses fins.
"Honestos" porque, exceptuando o promotor do blog que se identifica (assumo que correctamente), todos os outros intervenientes não passam de visitantes anónimos que emitem opiniões e se escondem por trás desse mesmo anonimato. Não tenho nada contra este último facto (sou um deles e considero até isto uma das mais-valias dos blogs), só acho que por esse motivo nos devemos ficar por comentar o que aqui se vai passando e não embarcar em lirismos bacôcos do estilo "de mãos dadas mudaremos o mundo".
Espero, Sr. Ponte Vasco da Gama, que agora perceba o meu papel neste blog. Foi boa essa. Agora todos temos de ter um papel aqui...!
Eça
intiresno muito, obrigado
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