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Sabendo
que os negociadores do resgate tinham sido sequestrados por um bando de
extremistas, as altas cúpulas fizeram-se ao caminho. O avião aterrou por entre
a tempestade. Os três homens viajavam sem segurança privada, só tinham a
tripulação como tutora. Os poderosos, enfim, à mercê de uns zés-ninguém. O ar
estava pesado. Podia ser da avaria no termóstato do avião. Podia ser da
terrível humidade que ensaiava a sua coreografia com a medonha tempestade.
Podia ser a perturbação por saberem que um punhado de subordinados estava à
mercê dos tresloucados. Ou podia apenas ser impressão deles. O americano
espreitou pela janela embaciada. Ficou sem perceber a azáfama que ia na pista,
com blindados do exército a porem em sentido os funcionários do aeroporto. Viu
armas empunhadas pelos militares, mas não deu importância. Todos os dias se
assistia pela televisão à desordem montada pelos rebeldes, os que não queriam
compreender a missão dos negociadores internacionais.
Mal
pousaram o chão no muito molhado asfalto já na embocadura na gare, os
negociadores foram cercados por duas dezenas de militares. Ao início, ainda
sossegados, ocorreu-lhes tratar-se de uma escolta reforçada. A turbulência
subira aos máximos e o exército queria proteger quem era tão contestado. Enganaram-se
no diagnóstico. Um militar de patente, após a costumeira saudação militar,
entregou em mão um papel lacrado ao negociador que primeiro pôs um pé em solo
pátrio.
Tudo
era diferente da impressão que tiveram ao descer as escadas do avião. Houvera
um golpe de Estado. Os rebeldes que tomaram conta das ruas e espalharam
destruição foram até aos palácios do poder para tomar o poder. O exército
apoiou a intentona. A primeira decisão foi aprisionar os negociadores. Haveriam
de ir a tribunal pela delapidação do pobre país. Os credores agiotas seriam
perseguidos em tribunais internacionais. De uma coisa podiam estar certos:
terminara a exploração. A dívida tinha sido extinta com as palavras singelas e
comovidas do porta-voz da revolta.
Os
negociadores internacionais não pernoitaram no hotel requintado. Dormiram na
cela. Mesmo ao lado dos meliantes comuns.
1 comentário:
Esperemos que estejas mesmo só na ficção. Porque o cheiro é de pólvora e o rastilho já está aceso.
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