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Conta-se que o famoso vitivinicultor
trocou as voltas aos admiradores numa feira de vinhos para o povaréu em geral.
Os visitantes podiam provar vinhos, os vinhos que quisessem, por uns dinheiros
simbólicos. Conhecedores do ofício eram poucos, que esses se reservam para
eventos profissionais. Havia muitos amantes da bebida (podiam lá perder
oportunidade de apanhar a bebedeira por uns dinheiros simbólicos?). E havia uns
janotas que se julgam conhecedores da poda sem todavia saberem que o seu
conhecimento se esgota na leitura de uns artigos de jornal onde são debitadas
as preciosidades vínicas que, à custa de tantos encómios, são vendidas como se
de ouro se tratasse.
Mal entravam no recinto, ato contínuo
estas personagens da burguesia urbana dirigiam-se ao sítio onde o famoso
vitivinicultor os esperava para a degustação do dispendioso vinho. Os amadores
seguravam o copo na mão, extasiados por provarem o néctar com preço (dizem aqueles
a quem o vinho diz nada) obsceno. Saciavam-se com a qualidade superior do tinto
vinho servido no copo. Os adjetivos em forma de elogio esgotavam-se se o
vitivinicultor os anotasse numa folha de papel.
O que os provadores não sabiam é que
o vitivinicultor, ecoando a fama de génio louco, tinha esvaziado as garrafas
onde estivera alojado o vinho tão desejado, vertendo nelas vinho corrente. Tão
amadores, os provadores desfaziam-se em panegíricos ao experimentarem um vinho
medíocre. O vinho estava entornado. Foram ludibriados pelo marketing
experimental, ardiloso e um pouco fraudulento do famoso produtor. Conta-se que
o vitivinicultor só segredou a astúcia à consorte. Ao deparar com a reprovação
da senhora, o homem terá dito: “se
comprarem deste vinho, vão perceber que ele ainda é melhor que o vinho que
provaram na feira. O meu marketing só pensa no bem-estar dos consumidores.”
Conta-se. Só não se sabe ao certo se
foi verídico ou se não passa de mito urbano. É que, depois de tudo isto, a
consorte do vitivinicultor deixou de o ser. Também se conta que foi o seu
enfado que pregou esta história às más línguas.
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