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A extrema-esquerda caviar volta ao ataque: quer levar ao parlamento
proposta de lei que faria do piropo um crime (caso a proposta não estivesse
destinada a fracassar). Falta saber o que as mentes iluminadas, tão muito à
frente do pensamento vulgar, idealizam acerca das sanções para os
prevaricadores: simples multa? Pena de prisão? A prestação compulsiva de um
serviço cívico?
A sanha proibicionista dos camaradas caviar deixa-me perplexo. Laboram numa
incoerência que devia ser sanada. Primeiro, não são os seguidores da
extrema-esquerda caviar que se acham na vanguarda das questões de género, sugerindo
que se desfaçam radicalmente as diferenças (a seu ver artificiais) entre
géneros? A perseguição ao piropo tem uma inclinação sexista. São os varões, e
de preferência marialvas e trolhas, que se especializam na arte do piropo. Esta
lei que os da extrema-esquerda caviar gostariam que fosse aprovada tem uma
reverberação sexista de sentido oposto. Inverte a desigualdade dos sexos, pois
mete uma mordaça na boca dos trolhas e dos marialvas, impedindo-os de exercerem
a sua liberdade de expressão. E encerra uma incoerência de lesa-majestade: os
da extrema-esquerda caviar competem com os camaradas comunistas no que tange à proteção
dos interesses do operariado. Ora os trolhas são operariado.
Segundo, para quem se ufana de ser vanguarda nas artes, e de assim
figurar no púlpito da criatividade, os camaradas caviar não percebem que a
proibição do piropo é um assassínio da criatividade. Pode haver piropos que
pedem meças à boçalidade, na exata medida da boçalidade de quem os profere. A
menos que sejam ofensivos, e que as ofendidas (ou os ofendidos, que os
camaradas caviar não podem vedar a possibilidade de serem elas a piropar sobre
homens; tal como não podem obstruir a possibilidade do piropo homossexual, nos
dois sentidos) se sintam tão ofendidas que se queixem numa esquadra, os piropos
podem ser um hino à criatividade. A extrema-esquerda caviar tem a certeza que
quer matar uma fonte de criatividade?
Terceiro, não é surpresa que os camaradas caviar escorreguem para
proibições. Estão habituados a medrar num lógica que admite que os problemas do
mundo podem ser corrigidos por via de leis, e de preferência leis paternalistas
que eduquem o povo ignaro a comportar-se quando convive em sociedade. A
extrema-esquerda caviar adora educar o povo, qual rebanho carente de um capaz
pastor. O que não faz sentido é tomar a árvore pela floresta. Se a sua vontade
fosse feita, sobre todos os piropos passava a cair o manto da censura social.
Mesmo dos que fossem elogiosos para as destinatárias dos piropos. E o mundo
passaria a ser tão mais estéril.
Esta
generalização por via legislativa está profundamente errada. Os camaradas
caviar querem matar o amor (ou a paixão, ou apenas os devaneios carnais,
consoante as hipóteses). Sobram duas hipóteses explicativas: ou os camaradas
caviar são insensíveis aos prazeres carnais, ou as camaradas da casta, por
falta de piropos consequentes, quiseram-se vingar através da proibição do
piropo.
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