In http://api.ning.com/files
É cedo? A medida do tempo, por
paradoxal que pareça, é uma profecia intemporal. Vamos sempre a tempo. Do que
quisermos. Se as luzes se mantiverem sequestradas pelas trevas, veremos na
noite nosso algoz.
Não podemos palmilhar as paredes à
míngua de claridade. Tropeçamos aqui e ali, os dedos magoados pelas armadilhas
que a escuridão esconde. Talvez seja cedo se olharmos para a clepsidra com um
olhar contumaz, despojado de ousadia. A perfunctória resignação é como se
houvesse em nós o mister de capitular, tementes dos sobressaltos legados pelo
tempo transato. É um tremendo erro metódico, continuarmos reféns do outrora que
não saciou a vontade de ser. Como se não soubéssemos que o tempo futuro se
promete em suas diferentes cambiantes, umas adocicadas, outras apenas com um
travo agridoce que é a combinação das diferentes luzes que adejam sobre o
firmamento.
Julgamos que é cedo e, temerosos,
mantemos a luz apagada. Mas há uma torrente irreprimível que ascende desde o
mais fundo de nós. Uma torrente fecunda, que deixa as veias a arder com o
prazer de provar o que os vindouros tempos nos hão de consagrar. Se mantemos os
olhos fechados pela inação da luz que se demite de o ser, não saberemos de que cor
é o porvir à nossa espera. Acender a luz é um imperativo. Digo, em inglês
porque há frases que têm melhor melodia quando são entoadas em inglês, “turn on the lights”. Digo-o no plural. Não chega uma luz, que depressa se podia
extinguir, levando com ela a única claridade possível. A ousadia arremete pelo
meio da floresta húmida onde nos detivemos. Não queiramos ser tutores de uma
luz singular. Empunhemos mais candeias, exacerbando a luminosidade que levita
diante dos nossos olhos.
Um dia, as luzes hão de ser hasteadas
em toda a sua pujança. Nesse dia vou dizer, outra vez em inglês mercê das
estéticas considerações, “don’t turn out
the lights”.
Sem comentários:
Enviar um comentário