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O patriarca convocou as hostes. Elas
apareceram. Para inveja do jovem eurodeputado que inventou, no fim de semana
passado, um novo partido de esquerda que, em vez as unir (como ele tantas vezes
clamou em prosa opinativa), vai dar para o peditório do desentendimento possível
entre as várias fações. O patriarca ainda tem uma força impressionante. Tenho
de o admitir. Conseguiu juntar as fações das esquerdas num congresso preparado para
malhar nos ossos do governo, acusando-o das piores malfeitorias, chegando ao
ponto de certificar que vem aí uma nova ditadura (sem explicar se, com a
ditadura embrionária, seria possível ao patriarca a incontinência verbal que o
distingue), para anunciar às hostes que as esquerdas são o único bastião
possível do patriotismo. As voltas que o mundo dá! Agora as esquerdas é que
esbracejam a bandeira do patriotismo.
Seria risível, se não fosse inquietante,
o apelo sibilino do patriarca à violência das massas contra quem as governa.
Logo a seguir foi acolitado por uns abencerragens, que depressa, num ato de
contrição, desdisseram o que acabaram de dizer. Primeiro espalharam a confusão,
pressagiando a erupção da violência contra a má governação que vai aos bolsos e
aos direitos adquiridos do povo, atalhando no Estado social e na sacrossanta
Constituição. Logo a seguir posicionaram-se no arrependimento, ou talvez apenas
na hipocrisia de quem não quer assumir as consequências das suas palavras. Como
quem adverte: “não me entendam mal. Eu não patrocino a violência do povo, só
estou a avisar que ela pode acontecer.”
O problemático é este povo manso. Faz
umas manifestações, com o alto patrocínio dos agitadores do costume. Mas de
violência, nada. Se houvesse dúvidas, os sociólogos tiravam-nas a limpo. Se nem
com este estado de emergência, com tantos apelos hábeis das esquerdas aflitas,
o povo desesperado mete as mãos à obra e “descasca o pau” nas costas dos
mandantes (como sugeriu, sem meias palavras, o mais apedeuta de todos eles), é
porque somos sociologicamente um povo brando.
A confusão nas ruas dava jeito às
esquerdas. A insegurança, sobretudo sobre os poderosos e os mandantes, também.
Enquanto, e se, a violência não vier para as ruas e não amedrontar os que são
desgoverno e os ricos, sobram uns patetas desocupados e uns militantes de
esquerdas várias a pressagiá-la. O povo, se fosse ouvinte dos gurus das
esquerdas, já devia estar por aí organizado em comités clandestinos para
praticar a violência que os gurus queriam que fosse.
E eu, perante um governo tão mau,
quase tenho um suicida impulso para ser seu apoiante, ao ver como as esquerdas
são ainda piores.
(Falta esse grande quase, contudo.)
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