In http://sometimeshere.blogs.sapo.pt/arquivo/Lotaria%20Nacional.jpg
O Malheiros escreve às terças-feiras no Público. É o (em rigor: um dos) César
das Neves da extrema-esquerda que chega às páginas dos jornais. É faccioso. E moralista
– como adora escorrer lições de moral aos outros que vão por ideias diferentes
das dele, a quem são imputados, por adivinhação mestra, comportamentos
malévolos. Talvez o Malheiros fique sossegado, no seu cantinho, a imaginar que
os que são diferentes dele, por quem destila um ódio patológico, têm comportamentos
que incensam a censura da sua altiva moralidade. Ontem o Malheiros sacou do
coldre mais uns bitataites argumentativos. A propósito do – diz ele – ódio da “extrema-direita económica que governa o
mundo ocidental” à igualdade. Para o Malheiros, a dita extrema-direita é
sinónimo do neoliberalismo. É uma redução simplista que deve convir à pequena
cosmovisão que navega na sua cabeça, como se confundir a árvore com a floresta
fosse método aceitável para quem tantas lições de como fazer jornalismo decente
prega aos novos encartados. No resto da prédica, o Malheiros dispara vários
tiros sobre os “neoliberais”. Acertam todos fora do alvo. Porque o Malheiros
está convencido que os “neoliberais” estão a soldo dos grandes interesses do capital.
Está convencido que os grandes capitalistas são gente malvada que se compraz
com a pobreza dos outros. Está convencido que os capitalistas conspiram contra
os trabalhadores, que os querem submeter a uma indigência atávica. Está
convencido que os horrendos capitalistas leram os clássicos do liberalismo (mas
ele continua a chamar-lhes “neoliberais”), onde recolheram o catecismo que
professa a desigualdade. Está, ele próprio, convencido que leu esses clássicos.
Se muito, tê-los-á treslido. Pois o Malheiros não acerta uma. Dando o benefício
da dúvida de que apedeuta não seja seu predicado, sobra a hipótese de o
Malheiros estar a falar do que não sabe. Puxa galões à fértil imaginação (que
podia fazer furor, talvez, no ramo da literatura de ficção) e esgadanha uma
série de frases sobre o que ele acha que são e pensam os que ele detesta. Antes
lesse, para não fazer fraca figura. Antes o Malheiros adivinhasse a lotaria, ou
o euromilhões. Para depois vermos a sua pródiga generosidade em ação.
Sem comentários:
Enviar um comentário