22.6.15

O Papa aderiu ao Greenpeace

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Agora falta a conversão dos ambientalistas ao catolicismo, para a reciprocidade ser encantadora.
Não é encíclica papal mas vai a caminho de o ser: o argentino ditou doutrina sobre o que falta para sermos uma espécie amigável do ambiente. Comecemos por moderar o consumo – foi a unção papal. O pontífice não descobriu a pólvora. De há muito que ambientalistas e economistas do meio ambiente descobriram a relação causal: o consumo depende da produção; e como não há produção que não provoque danos no ambiente, muito consumo é lesivo do ambiente que alberga a espécie humana.
A novidade do chefe da igreja se colocar do mesmo lado dos defensores do ambiente só o é (novidade) para quem andar distraído. O discurso da igreja é sobre moderação dos hábitos que podem representar um descaimento no pecado (pelo menos nas lições que dá aos outros; talvez não tanto quando se olha ao fausto em que a igreja católica vive). Já tinha notado, há bastante tempo, que a igreja partilha muitos ideais com as esquerdas que denunciam o capitalismo e o pérfido consumismo que transporta a uma anemia que nos desumaniza. O passo seguinte foi a causa ambientalista como bandeira hasteada pelo Vaticano. Um dia destes, os curas (católicos) saem às ruas em Atenas e orientam as preces a favor do Syriza.
Não é inocente a proclamação ambientalista do Papa. Menos consumo torna as pessoas menos dependentes do materialismo que as desvia dos valores espirituais. Se as pessoas se despojassem de tantos bens de consumo supérfluos, estariam vocacionadas para o reino da espiritualidade. Aptas a redescobrir a religião. Preparadas para regressar à missa e para praticar os bons valores do cristianismo. Convém à igreja, tanta a debandada de almas dos tempos recentes. Os ambientalistas, nem que seja por oportunismo, agradecem. Um aliado como o Papa não se rejeita (apesar do ateísmo – mas o que importam as incoerências quando o que mais conta é uma causa?).
Tenho pena que os chineses, os indianos, os brasileiros, os russos, os sul-africanos, e outros povos que estão a despontar no horizonte da economia mundial, não estejam convencidos da prédica papal. Nestes países, mais consumo faz crescer o bem-estar de povos que estão a sair da pobreza. A menos que o pontífice do Vaticano os convença que a pobreza é preferível a um módico de bem-estar, em homenagem ao meio ambiente (ou a qualquer outra agenda escondida da igreja) – e lhes diga para não olharem para o fausto da igreja.

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