Einsturzende
Neubauten, “Total Eclipse of the Sun” (live at Berlin), in https://www.youtube.com/watch?v=5FLsCaQHVz4
Ilusões
que moram no dormitório dos sonhos. Medram, enquanto ao palco sobem os sonhos.
O pensamento deslaça-se do corpo, parece amadurecer num mundo vertical, fora da
realidade tangível. As emoções ajudam a transfigurar os cenários palpáveis.
Não
há maneira de alimentar as saudades do futuro. Porque parece que tudo se
consome nas cicatrizes cerzidas outrora. Entretanto, as maçãs do rosto
tornam-se macilentas, cansadas. Sem se dar conta do cansaço e da macilenta cor
das maçãs do rosto, afinal um repositório das emoções transtornadas. O
pensamento revira-se, faz as suas preces que se confundem com o palco vertical
onde as coisas se passam na sua acessória maneira de sentir. O pensamento
revira-se, desune-se da lucidez. Oxalá houvesse uma erupção vulcânica. Oxalá as
penumbras que retiram luminosidade ao pensamento fossem destruídas pela lava
incandescente vomitada de dentro do vulcão. E que a lava trouxesse ao de cima
uma depuração de tudo, como se tudo viesse ao início outra vez. Como se fosse
um renascer imperativo que transfigurasse as coisas e elas deixassem de
aparentar o que não são. Pois, às vezes, ao caos julgam-se as propriedades para
desatar os nós que teimam em deitar-se sobre o horizonte. Os nós que refulgem
um ocaso deslumbrante, quando o horizonte está embaciado por uma penumbra
assustadora.
Sim,
os vulcões são aterradores. O seu potencial avassalador não deixa ninguém
indiferente. Mas sabemos, da história dos vulcões, que deixam terras fecundas
quando a lava perde a sua incandescência. Porventura, o segredo está na paciência.
Em deixar o tempo amadurecer. Como se um náufrago perdido no meio do mar
tivesse a certeza que as manhãs brumosas hão de trazer um navio ao seu
encontro.
Não
vem mal ao mundo manter uma candeia acesa mantendo o lustro do tempo vindouro.
Desde que se saiba que não podemos esperar que das oliveiras caiam maçãs.
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