Xinobi, “Far Away Place”,
in https://www.youtube.com/watch?v=jJfurAIplc8
Das alfombras do microcosmo
resplandecente, onde tudo raia a perfeição – e, em não sendo o caso, haverá
circunstâncias atenuantes, ou o tempo não terá estado a preceito: contrariando a
voz popular, temos políticos magníficos. Esteios de hombridade. Arquétipos de honestidade.
Credores de lisura, quando se apreciam os métodos e sua adequação aos fins. Prescientes,
na seleção dos fins. Cavalheiros, quando desafiados a terçar as armas que fazem
parte da oposição de ideias.
Eles são imunes à mentira. Não hesitam em
cortar um dedo da mão caso não consigam cumprir promessa alinhavada no pretérito.
Denunciam os atos fraudulentos daqueles que se esmeram no contorcionismo das
regras, dos que sabem que se assim não for não conseguem vingar os seus propósitos.
Estes são os políticos em que podemos confiar. Uma gesta nobilitada pelos propósitos
elevados que os distinguem. Sem terem propensão para a polémica gratuita. Sem perderem
tempo com o acessório, sabendo distingui-lo do principal e aqui depositando os
olhares completos. Os políticos que recusam mordomias, para não escorregarem
para um limbo onde já se não separa o que são prebendas inerentes e genuflexões
espúrias, que apenas promovem o superior estatuto em que se autoinvestem,
perfumando as imediações com um culto de personalidade.
Os políticos de que falo são a antítese.
Como são confiáveis, confiam nos que outrora se convencionou alcunhar “súbditos”
(mas que eles, em comunhão com a humildade só ao alcance dos grandes, se
recusam a conceder tamanho tratamento que amesquinha). Não têm o complexo do
poder, o complexo de quem detém o poder e, sabendo-o efémero, o exibe sobre os
demais em pose sobranceira que revela pequenez mal resolvida. São humildes. Admitem
suas limitações, pois não passam de gente (e de genética) como a demais gente.
Não alardeando o poder que lhes assenta
nas mãos, recusam a ostentação da autoridade pela autoridade, nem lhe consagram
o papel de pressuposto do poder detido. Recusam mandar por mandar. Não fermentam
no espírito de contradição. Ouvem as pessoas – e não é apenas por cosméticos propósitos.
Concedem: não são infalíveis e a razão não lhes pode assistir sempre. Permitem a
divergência, sem amesquinharem os que deles divergem, sem os condenarem à irremediável
punição – nem que seja através de processos de intenções.
Bem-vindos ao paraíso! Políticos desta caldeação,
são políticos high cost. Pois são
valiosos intérpretes de uma gente que neles se vê representada. Os proventos que
nos legam são incomensuráveis. Não têm preço. Eis por que são políticos high cost. Há-os na política e fora
dela, onde não parece que se faz política, mas é o caso.
Bem-vindos ao paraíso! O onírico não se
desfaz dos paraísos, nem os paraísos abdicam dos sonhos como sua matéria-prima.
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