12.4.10

Ó heresia, há bandeiras espanholas às janelas em Valença do Minho


In http://www.ionline.pt/adjuntos/102/imagenes/000/075/0000075354.jpg
A senhora ministra da tutela decidiu fechar as portas do centro de saúde em Valença do Minho. Os habitantes protestaram: não querem ser forçados a percorrer vinte quilómetros (e outro tanto de regresso a casa) para terem cuidados de saúde. Protestaram com muito ruído. Já houve quem sugerisse que estes protestos tão bem encenados têm o dedo partidário (e comunista). É irrelevante. A partir do momento em que a senhora ministra, estalando-se o verniz onde se esconde aquela capa imperturbável, manda dizer à pátria que aquela gente “não sabe nada de saúde”, é irrelevante que os protestos sejam espontâneos ou teleguiados pelo PC.
Se os valencianos podem atravessar a fronteira e, três quilómetros à frente, encontram um centro de saúde que os trata, por que hão-de meter as pernas até Monção? Nestes tempos de poupança de recursos, quem faz quarenta quilómetros se pode encontrar o mesmo serviço percorrendo meia dúzia de quilómetros? E, talvez, com a agravante dos serviços de saúde do outro lado da fronteira terem melhor qualidade (isto não sei, estou a adivinhar, é só para provocar).
Os apaniguados do poder socialista estão incomodados. Primeiro, não se belisca a autoridade da senhora ministra. É imperdoável contestar a imensa autoridade técnica da senhora e de quem a acolita lá no ministério. O povo boçal devia era despir-se dos seus egoísmos locais e perceber que o interesse da nação manda que se encerre aquele centro de saúde. Segundo, estão incomodados porque do outro lado da fronteira já abriram as portas do centro de saúde para tratar dos achaques que os valencianos não querem tratar vinte quilómetros mais tarde. E, terceiro, os mandantes do poder vociferam contra o despautério da populaça que desfraldou bandeiras espanholas nas janelas das suas casas.
Daqui vai uma modesta ajuda para resolver os três problemas que atormentam tanto a senhora ministra e quem lhe faz as genuflexões todos os dias. Lamento informar, mas o primeiro problema não tem solução. Consta que ainda somos uma democracia, com o lugar próprio à contestação quando o povo, mesmo que néscio, não aprova as doutas medidas da iluminada senhora ministra. O segundo problema é o mais fácil de resolver: ponham lá em funcionamento a internacional socialista. Uns contactos certos e a invocação da solidariedade entre os pares da internacional socialista deviam chegar para travar o oportunismo dos espanhóis que, a coberto de uma “falsa generosidade”, recebem de braços abertos adoentados valencianos.
O terceiro problema tem remédio fácil: arranja-se um “artigozinho” do Código Penal, mesmo que esteja muito escondidinho lá num canto obscuro do código, para castigar estes hereges da portugalidade. Um crime de lesa-pátria não pode ser branqueado. Imaginem o contentamento interior dos espanhóis ao saberem que do outro lado da fronteira, numa localidade amuralhada, muitas janelas ostentam a bandeira espanhola.  Mais a mais, a fortificação simboliza a protecção contra o inimigo que outrora estava no outro lado do rio Minho. A bandeira do outrora inimigo que agora esvoaça em janelas lusitanas. Imaginem aqueles asquerosos espanhóis chauvinistas, centralistas, que ainda acreditam que a hispanidade não é atributo artificial, excitados com o suave atentando cometido pelos habitantes de Valença do Minho.
Não há um juiz que termine com esta heresia à portugalidade? A polícia devia entrar naquelas casas e arrancar, com vigor, as bandeiras espanholas. Isto está tudo de pantanas. Se ao menos o poeta alegre já estivesse na presidência, estes lamentáveis acontecimentos nem tinham passado de esboços. Pois o poeta alegre anda tão empenhado num risível patriotismo de lapela que não permitia aos hereges arvorarem a bandeira espanhola em terras onde a portugalidade deve ser santificada.
Contra a aprumo da maré, um aplauso à saudável provocação dos habitantes de Valença do Minho. Das duas, uma: ou estas bandeiras são o símbolo do luto dos valencianos, o negro do luto pelo amarelo e vermelho das bandeiras postas às janelas; ou para quem vive na fronteira, em tanta comunhão com as gentes do outro lado, a identidade já é tão volúvel que é indiferente hastear uma bandeira verde e vermelha ou uma bandeira amarela e vermelha.

2 comentários:

Milu disse...

Sorte a deles, dos valencianos, que assim, ao verem-se privados do seu centro de saúde, arranjaram uma desculpa plausível para frequentarem outro centro mais próximo, seja espanhol, seja lá o que for. Acredito piamente até,que assim fiquem melhor servidos, quanto mais não seja tendo em conta a qualidade do atendimento. E se isto digo é porque o historial que reuni com as minhas, ainda que poucas, felizmente, visitas ao centro de saúde local, é muito triste! Veja-se só, que a qualidade das consultas efectuadas aos utentes, depende em grande medida da boa ou má disposição dos médicos. Não direi que serão todos, mas no que respeita à minha médica é muito comum, as pessoas após a consulta, com um sorriso de satisfação estampado nas faces, comentarem para os que ainda esperam pela sua vez: " a Dra hoje está bem disposta", querendo com isto expressarem, que pelo menos desta vez terão tido um atendimento condigno.
Por mim falo, a mim já me aconteceu sair do centro de saúde de tal forma mal impressionada com o comportamento da médica de família, que fiquei com toda a certeza que ela nos odeia, a nós, seus utentes. Talvez que no decurso da sua profissão tivesse desenvolvido sentimentos de profunda aversão. Eu sei que perante ela se depara gente de toda a espécie, mas há muito que devia ter criado anti-corpos em relação a essa circunstância, afinal, toda o ofício tem os seus ossos, e ossos são ossos, isto é, todos eles custam a roer! Uma coisa sei: Uma pessoa se estiver doente e for mal atendida por um médico, de certeza que ficará ainda mais doente.

PVM disse...

É por estas e por outras que pagamos alegremente impostos: para sermos utentes de serviços de duvidosa qualidade. Ou, o que ainda será pior, para termos serviços públicos com qualidade que varia em função dos humores dos profissionais.