In http://img133.imageshack.us/img133/4603/banquete.jpg
Tudo
era excessivo. Era como se tudo coubesse numa caixa de pandora enlaçada com o
sal das contingências. À primeira ocasião, os duendes do desassossego faziam-se
notar. Estilhaçavam tudo com um gesto singelo. Embaciavam a claridade que fora
árdua obtenção. O peito sentia as palpitações que davam o mote à angústia que
tudo açambarcava. Descompunha-se a lucidez, as luzes perdiam a claridade.
Embotadas, deixavam-se insinuar pelos fantasmas não convidados que, todavia, se
misturavam com os dias presentes. Depois sobravam os suores, as palavras que
foram ditas e não se deviam jorrar, indomáveis, à boca de cena. Ficavam
aprazados os pesares e os perdões. Até que nova tempestade viesse soprada de
algures e caldeasse a resplandecência do céu com as nuvens tão escuras que
atemorizam o sono.
Mas
os excessos eram o templo vivificante. Às vezes, quando o sono se ausentara e
os olhos pesados já não filtravam a claridade das coisas, parecia que as ruínas
soçobravam em seus escombros. Ora a destruição parecia aterrar num ápice,
violenta e fragorosa; ora se insinuava mordaz e silenciosa, as pedras do templo
desprendendo-se uma atrás da outra numa lentidão exasperante.
E
por mais que pela alvorada os olhos esbarrassem nas ruínas fumegantes, e tudo parecesse
uma iteração de pretéritos que deviam ser matéria inerte, as mãos suadas
pegavam na caixa de pandora e com paciência desfaziam o emaranhado nó que
encimava o laço ardilosamente pomposo. Urgia abrir a caixa, por mais que ela,
ainda fechada, gritasse dores em forma de anunciação. O corpo mergulhava com a
voracidade de quem se queria saciar no desconhecimento do precipício.
Até
a terapia era excessiva. Um modo urgente de desfazer os equívocos que ficaram a
adejar como punhal lancinante. O corpo entregava-se à queda no aveludado
precipício. Sabia que ao bater no fundo a queda seria atapetada. O corpo
erguer-se-ia e trataria de fitar o horizonte com a habitual perseverança.
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