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Espalhava
a confusão. Gostava de ver os confundidos parecendo baratas tontas, esperneando
desorientação. Um provocador. De emoções e reações. Deixava-os entregues no
regaço das pessoais apoplexias semeadas por ele na continuidade da perfídia que
era causa de ser.
Arrebanhava
um punhado de palavras que, sabia-o, haveriam de ser abalos telúricos nas
vítimas selecionadas com precisão cirúrgica. Portava-se como guerreiro medieval
que, uma vez desembainhada a espada, só se apaziguava ao verter sangue de
alguém. Contudo era de uma estirpe diferente. Desembainhava a espada e aplicava
golpes certeiros que deixavam as vítimas em consumição com as golfadas de
sangue vertidas como rios de lava incandescente. Enquanto as vítimas se
debatiam na sua plangência, já ele metera pés ao caminho. Não havia lugar à
réplica de quem fora algoz. Batia em retirada, apressado, em sincera confissão
de covardia.
A
coragem ficava-se pela metade. Assegurava que as vítimas não o esperavam ser.
Pela calada, desferia os golpes certeiros que as deixavam no estertor doloroso.
Tudo bem congeminado. Não fossem os golpes certeiros, se a espada das
aleivosias (fossem palavras, fossem atos) cortasse a carne um punhado ao lado
do sítio preciso, e as vítimas não caiam inanimadas. Podiam ripostar. A bravura
haveria de se consumir na sua própria traição. A triagem dos atos precisos era
imperativa. Ou sucumbia às mãos das vítimas ensanguentadas e todavia céleres na
compostura.
Tinha
a sagacidade do toca e foge. Era um pulsão indomável: precisava de provocar
como precisava do necessário oxigénio. Não punha de lado as tremuras que sentia
quando desembainhava a espada das provocações e de seguida alavancava as pernas
para umas milhas fora do campo de visão de quem tinha sido assestado pelos
golpes certeiros. E nem ao deitar, quando o travesseiro servia de depositário
das possíveis dores de consciência, as sentia. Era patológico. Empanturrava-se
com a malvadez deixada em forma de cicatriz nas vítimas escolhidas a dedo.
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