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Na
Dinamarca, os “alimentos perigosos” sujeitam-se à moca dos impostos. Manteigas,
produtos saturados de óleos alimentares, chocolates, fast food e outras iguarias que sabem bem mas fazem mal passaram a
pagar IVA agravado. Ainda não percebi se a medida já tem o dedo de um dos raros
governos socialistas na União Europeia, mas a ideia tresanda a este ativismo
típico dos engenheiros sociais que encontram albergue na internacional
socialista.
As
autoridades, que nunca deixam de mostram o seu zelo e preocupação com a saúde
dos concidadãos, à falta de coragem para proibir a venda dos alimentos que
consideram “perigosos”, taxam-nos à obscenidade. Os que se comovem com a
diatribe fiscal defendem o método. Argumentam, a liberdade dos consumidores não
é hipotecada. As autoridades apenas sinalizam comportamentos menos – por assim
dizer – próprios, atirando com impostos agravados para cima dos alimentos que se
encaixam nesses comportamentos. É a teoria do chicote, alvitro deste lado. E,
se me é permitida a ousadia da discordância, a liberdade de escolha é
hipotecada. Só o fato de os consumidores dinamarqueses saberem que vão pagar consideravelmente
mais pelos produtos da lista negra pode dissuadi-los de continuarem a ser seus
consumidores. Os apaniguados da farta engenharia social logo dirão, enchendo o
peito de satisfação: pois era essa a finalidade pretendida! E era tudo perfeito
se não houvesse umas almas embebidas em mau feitio que desmontam os imperativos
categóricos semeados pela internacional socialista.
Por
este andar, um dia destes somos confrontados com um manual de etiqueta
detalhado, centenas de páginas ilustradas (com gravuras e descrições a preceito
como se fôssemos meninos dos bancos da escola primária), ensinando o que
podemos fazer e o que devemos evitar. Será a fase suave. A porta entreaberta
para a fase endurecida do “novo homem novo” com o dedo dos fazedores de novas
sociedades. Entronizados na impassibilidade de quem não admite a autoridade
contestada, estes ASAEs em potência acabarão por proibir comida hoje permitida
– e a seguir, sabe-se lá mais o quê. Refaçam-se as coordenadas da gastronomia
típica dos países. Entre iguarias banidas dos menus e iguarias revisitadas
através de heréticas receitas, o novo homem novo será uma perfeição abúlica, uma
asséptica inutilidade.
Ah,
como já começo a ter saudades dos maus hábitos!
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