In http://www.meusgastos.com.br/blog/wp-content/uploads/2009/01/chuveiro.jpg
Regresso à vã felicidade da muita gente extasiada
com o agosto que se intrometeu nesta primeira metade de outubro – dias a fio
com o termómetro quase a beijar os trinta graus; dizem-me, dias de praia como
não houve em agosto. Faz lembrar quando se navega por estima, sem olhar ao mar
de fundo que aí vem soprado por uma tempestade que se agiganta no meio do
oceano. Depois, só depois, quando a tempestade descompuser as vagas do mar,
damos conta que não preparamos a embarcação nem cuidamos da rota. Depois são as
dores que forem.
Vem isto a propósito do que ouvi na rádio
enquanto aturava uma fila de trânsito (para além de estar farto da canícula): a
água escasseia em Bragança e a autarquia avisou que dentro de dias haverá restrições
no abastecimento se a chuva continuar ausente. A reportagem fez-se à rua para
sentir o pulsar da população. Uma idosa sabia-a toda: a construção de uma
barragem já tinha resolvido o problema. Mas os ambientalistas que capturaram a
decisão no ministério responsável não deixaram. A senhora rematou a ideia, com
voz pesarosa: “um dia destes como vamos cozinhar, como vamos tomar banho?”
Estes episódios deixam-me comovido com a
ação diligente dos ambientalistas. Não digo que a fauna e a flora não devam ser
protegidos (quem me conhece sabe que em relação à fauna sou um protetor ativo).
Quando se chega ao exagero de colocar em risco o abastecimento de água em nome
sabe-se lá do quê na natureza, as prioridades acabam trocadas.
Fica este labéu aos ambientalistas: por
causa da desproteção dos interesses da espécie humana, não serão os
ambientalistas genocidas? Genocidas, bem entendido, dos legítimos interesses da
espécie humana. Ou usar água para confecionar alimentos e para a higiene
pessoal não é um legítimo interesse? Talvez estejamos todos errados e os
ambientalistas é que sabem da poda. Tomar banho é contra a natureza humana –
vejamos os nossos ancestrais. Devíamos andar todos imundos a cheirar a
imundície recíproca. Com o calor destes dias é que sabia bem cheirar a sudação
abundante dos nossos pares.
Sem comentários:
Enviar um comentário