17.1.12

Bonés e pastéis de nata


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Esboça-se a seguinte teoria: os académicos que sempre o foram e não estiveram virados para as sinecuras políticas entram em desvario quando são seduzidos pela coisa pública. Deve haver um maldoso vírus, como se fosse um Alzheimer que ataca os académicos transfigurados em ministros, tamanhos os disparates que passam a entoar assim que envergam a fatiota de ministro. O Álvaro, ministro da economia, é o derradeiro espécime a corroborar esta teoria ainda em esboço.
O que lhe terá passado pela cabeça para não ir além da exportação do franchising do pastel de nata como medida exemplar para tirar a economia da hibernação? Acredita no que disse, ou é apenas desconhecimento da economia que tutela? Pode ser que lhe tenha dado uma branca quando discursava, ou esteja convencido que é nestas miudezas que está a alavanca da economia. Como se estes exemplos não fossem simples oásis sem significado no total da economia. E como se o pastel de nata já não estivesse informalmente franchisado pelo mundo fora. Para quem revertem os lucros da atividade? Para os empreendedores que assentaram praça nos países onde espalharam o pastel. O benefício para a economia nacional é zero.
Mas se o impagável Álvaro quiser continuar a descer a ladeira do risível, sempre pode pegar nestas ideias absurdas que ofereço em troca de nada. Quem diz pastéis de nata, diz doçaria conventual (barrigas de feira, pastéis de Tentúgal, torta de Santa Clara, encharcada, etc.). Propõe-se que as freiras emigrem aos magotes, pois haverá carência de massa cinzenta e dos aventais ungidos pela água benta onde se guardam os segredos da doçaria conventual. E matavam-se dois coelhos de uma só vez. Depois podíamos convencer os especialistas em arroz de cabidela e sarrabulho a povoarem as quatro partidas do mundo com a sua ciência.
De supetão, a maravilhosa portugalidade recompensada em dose dupla: já se não falaria de empobrecimento da nação, mas de abundante riqueza distribuída por muitos; e regressava a pátria ao epicentro do mundo. Uma nova colonização. Pantagruélica. Assim como assim, não há por aí uns inábeis convencidos de que é nossa a melhor gastronomia que o mundo conhece?
Tenho a sensação que o Álvaro anda aos bonés. (E não está sozinho na empreitada. O seu chefe assina por baixo.)

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