In http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/89/Cyclone_Catarina_from_the_ISS_on_March_26_2004.JPG/250px-Cyclone_Catarina_from_the_ISS_on_March_26_2004.JPG
Desembaraçada,
um furacão que levava tudo à frente quando a fúria irrompia na companhia da
manhã. Não era a franzina compleição que impedia ser despachada. Não se
intimidava com os matulões, nem por lhes chegar apenas meia-leca acima da
cintura. Quando era preciso, berrava mais alto. Punha-os em sentido quando
moldava o olhar iracundo que deixava inerte a ossatura dos outros.
Não
esperava que tratassem dos assuntos que lhe pertenciam. Metia os pés ao caminho
e, com as mangas arregaçadas, dava andamento até às vulgares tarefas. Era um
vulcão que nunca adormece. Não tinha abatimentos, nem um arrependimento pela
torrente incendiada de palavras que esmagavam quem lhe fizesse frente. Dava
gosto vê-los a meterem o rabo entre as pernas, quais cães sarnentos
envergonhados pela estridência que se abatia em cima deles.
Não era
enganada pelos varões avulsos que ensaiaram aproximação com segundo sentido. Tirava
as bissetrizes à distância e, antes que avançassem por onde não deviam, punha
tudo em pratos limpos. Com linguagem de caserna, se preciso fosse para avivar o
entendimento dos convenientemente relapsos de entendimento. Quando uns teimosos
insistiam na verborreia e se achavam penhores de especiais predicados, matava o
assunto com a ameaça de violência física. Desarmados, recuavam e dissolviam-se
no mapa.
Era de
armas – disso não duvidavam os que eram próximos. Ao pé dela não havia remanso,
não era tutelados tempos mortos. Ele eram exposições, cinema, livros que
desatavam um quase existencial pleito com quem embarcasse na discussão, cães
abandonados e a incorrigível falta de sono. Ao pé dela os dias eram um
carrossel interminável. O tempo, açambarcado com usura. Os olhos não descaíam
no firmamento onde apenas vogava o nada. Os corpos não tinham tempo para
abdicar da sua febre. As palavras matraqueadas erravam num caudal voraz, como
se fossem martelos pneumáticos percutindo as cordas sensoriais que não se
podiam remeter à hibernação.
O corpo
murcho não fazia jus ao vulcão interior que tudo deixava em desassossego.
1 comentário:
Vale a pena conhecer (e sentir) uma punção assim
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