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Pediu o
Público a ilustres personalidades que
filtrassem os consulados de Cavaco e lhe dessem um cognome – num extático arremedo
aristocrático, como é costume fazer com os reis, que não casa com os
pergaminhos da república nem com a careta da personagem a quem pespegaram o
cognome. Cometo o topete de me juntar à fanfarra (em faltando os pergaminhos de
“ilustre”). Aqui vai o meu palpite: “Cavaco,
o insolvente”. A explicação vem das nada fleumáticas palavras em que a
excelência destilou imprópria choradeira por o que entra todos os meses na sua
recheada conta bancária não chegar para os gastos.
É um
facto comprovado empiricamente: quanto maiores as alcavalas, maiores os vícios.
Mal anda o maior economista vivo da pátria (assim pensa de si mesmo) quando dá
públicas lições aos súbditos acerca do milagre da poupança e depois tem um deslize
que deixa à mostra os seus hábitos de prodigalidade. O episódio vem mesmo a
calhar. Agora percebemos por que a personagem não foi capaz de meter as
finanças públicas em ordem quando foi primeiro-ministro durante dez anos.
Para o
caso, pouco importa (sei que quase toda a gente discordará deste argumento) que
a soma das pensões deste reformado esteja no plano onírico para o comum dos
mortais. Para mim, o que importa é que o senhor seja um paradigma do consabido
“olha para o que eu digo, não olhes para
o que eu faço”. Prega a castidade dos gastos e depois admite que fracassou
ao passar à prática os doutos ensinamentos proferidos, como é hábito, desde o
alto da sua cátedra onde exsuda imensa autoridade intelectual.
É de
deixar vir à tona toda a comiseração possível, contudo. Como logo a seguir se
auto-apodou “provedor do povo”, não podia haver maior ato de humildade. Ele é
lá para qualquer um a pessoa mais importante da pátria admitir que está à rasca
de dinheiros? Sim, é um fiel provedor do povo. Porque o “povo”, certamente na
sua larga maioria, tem as mesmas queixas que Cavaco, o insolvente.
(Só não
tem os mesmo proventos. Mas isso é outra conversa.)
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