18.1.12

Bandeirinha à lapela

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Fervor nacionalista em ebulição. Governantes e deputados dos partidos acólitos envergam uma discreta, mas todavia visível, bandeirinha nacional à lapela. Fica bem a exaltação de nacionalismo quando as sombras se abatem sobre o futuro. Aos descrentes, e aos CGTP incorrigíveis sempre no boicote do formidável unanimismo, sobra o azedume.
Agora que a autoestima pátria roça a amargura, e que as gentes andam sorumbáticas com a austeridade que morde nas canelas do sono, os patrícios precisam de encorajamentos para mudarem a maré e acreditarem nas potencialidades da pátria. Ou seja, nas suas próprias potencialidades. Convém não esquecer que o otimismo é feito de pequenos nadas (como o prova a política económica do pastel de nata). E a pequena bandeira que cintila no binómio republicano verde e vermelho comove os patrícios – sobretudo aqueles que ficam arrepiados com o hino entoado por milhares de gargantas inflamadas, aqueles que levam a bandeira ao peito e acreditam que sentem um sobressalto interior.
Precisamos de motivação. E como o exemplo vem de cima, os governantes (e os deputados da coligação) são exemplares na ostentação do brio nacionalista. Há ali uma mensagem que não é sequer subliminar. Os velhos do Restelo têm de ser derrotados. Quem sabe da poda toda é o patriarca-mor (o presidente da república), quando nos convoca, sem exceção, para remarmos na mesma direção. Quem fica mal na fotografia são os CGTP, os da terra queimada. (O que falta explicar, aos pedagogos do inútil unanimismo ambicionado, é o que mudaria se os CGTP, por um dia que fosse, embarcassem no navio da concordância. Notava-se alguma diferença?)
E eu também fico comovido ao saber que a autoestima da portugalidade contemporânea se embebe no tão simples gesto de enfeitar a lapela com uma pequena, mas cheia de brio e significado, bandeira nacional. Só não ponho uma já agora porque não a tenho à mão.

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