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Fervor
nacionalista em ebulição. Governantes e deputados dos partidos acólitos
envergam uma discreta, mas todavia visível, bandeirinha nacional à lapela. Fica
bem a exaltação de nacionalismo quando as sombras se abatem sobre o futuro. Aos
descrentes, e aos CGTP incorrigíveis sempre no boicote do formidável
unanimismo, sobra o azedume.
Agora
que a autoestima pátria roça a amargura, e que as gentes andam sorumbáticas com
a austeridade que morde nas canelas do sono, os patrícios precisam de encorajamentos
para mudarem a maré e acreditarem nas potencialidades da pátria. Ou seja, nas
suas próprias potencialidades. Convém não esquecer que o otimismo é feito de
pequenos nadas (como o prova a política económica do pastel de nata). E a
pequena bandeira que cintila no binómio republicano verde e vermelho comove os
patrícios – sobretudo aqueles que ficam arrepiados com o hino entoado por
milhares de gargantas inflamadas, aqueles que levam a bandeira ao peito e
acreditam que sentem um sobressalto interior.
Precisamos
de motivação. E como o exemplo vem de cima, os governantes (e os deputados da
coligação) são exemplares na ostentação do brio nacionalista. Há ali uma
mensagem que não é sequer subliminar. Os velhos do Restelo têm de ser
derrotados. Quem sabe da poda toda é o patriarca-mor (o presidente da
república), quando nos convoca, sem exceção, para remarmos na mesma direção.
Quem fica mal na fotografia são os CGTP, os da terra queimada. (O que falta
explicar, aos pedagogos do inútil unanimismo ambicionado, é o que mudaria se os
CGTP, por um dia que fosse, embarcassem no navio da concordância. Notava-se
alguma diferença?)
E eu
também fico comovido ao saber que a autoestima da portugalidade contemporânea
se embebe no tão simples gesto de enfeitar a lapela com uma pequena, mas cheia
de brio e significado, bandeira nacional. Só não ponho uma já agora porque não
a tenho à mão.
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