In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgD6R19n0xus7Yv8r60eYfC-2EsVp27gRdZs2N9ev1uAxJWqo6JP677SYJp-3J05xEfbOoqGlOJtcSRq3OsPKLsUrCe8oSGJavvUdNh21fK67FDRajQq8kACrw_QQkZX0gfCV-x/s1600/haiti-continencia.jpg
As vetustas personagens.
Repousam na provecta idade e nos pergaminhos da experiência. Não sabem, depois
de tantas rugas e grisalhos cabelos, que a quantidade não passa a perna à
qualidade.
Refugiam-se no cadastro da
veterania para se protegerem contra a concorrência dos mais novos. Sabem que os
mais novos sabem coisas que eles não souberam aprender. As muitas coisas que
rimam com a mudança que os tempos novos trazem. Para não serem desapossados do
pedestal, esmeram as maquinações que impossibilitam a ascendência dos mais
novos. Cozinham as regras em seu proveito. Afivelam-se em corporações
indestrutíveis: os mais novos que queiram fazer o seu caminho, ou tocam a
melodia que os vetustos ensinam ou estão condenados ao desterro. Ou a esperar
que os vetustos se jubilem ou engrossem a fileira dos cemitérios.
Quando sentem os mais novos a
esgrimir argumentos que entalam a suposta superioridade dos velhotes, sacam da
artilharia derradeira: a antiguidade é um posto. Os cabelos grisalhos, as
carregadas olheiras que são património genético de uma vida em sucessivas
canseiras, as rugas profundas que espartilham os poros da pele, tudo dita o
respeito dos que ainda por lá não transitam. Não é argumento. É truque mal
parido. É como dizer “sim, porque sim”. Não se hipoteca a autoridade dos
vetustos, mesmo que dela destile um saber bolorento.
Em toda esta prosa, contra mim
posso estar a falar. Assim como assim, se não cheguei à metade da vida não devo
andar longe da simbólica demarcação. Queira a lucidez não se desprender e ir
aprendendo com os ventos da mudança que vêm com o futuro. Não quero ser geronte
agarrado às raízes do tempo que foi o sudário do conhecimento. Não quero morrer
estando vivo. E quero chegar às vésperas da jubilação dizendo, nem que a voz
seja trémula, “não, a antiguidade não é um posto”.
Sem comentários:
Enviar um comentário