In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYaADGHh8PLelnicq0hQlp4Bo5MJfdbCR1Jo80GMk5620syOAfRIAfWBTinxh2wybk85dXEdWkqjqWu4DBxKy3j__vUIV5RYXt9Pv0QqE8Vq2JMqzBuqMEeC5SK_h1-0yVBczd/s1600/tempo-de-deus.jpg
“Ninguém se preocupa em viver bem quando, afinal, viver bem está ao
alcance de todos, ao passo que durar muito não está ao de ninguém”, Séneca,
in Cartas a Lucílio.
De que servem as poupanças
quando se açambarcam nos cofres do tempo? Julgamos que é a delongada existência
que reverte a favor da grandeza. Soçobramos, se assim ajuizarmos, perante os
mastins que só medem porções. A sua serventia é inofensiva se todos esses anos
de duração, uma vez descosidos, deitarem à mostra um vazio.
Deitamos tempo fora com as munições
do tempo que aí vem. Deitamo-nos com o tempo tirano, saltando pé ante pé por dias
sem memória, só porque teimámos que depois de amanhã é que terminam as inquietações.
E nem damos conta que as inquietações são uma epígrafe necessária. Caução das
recompensas que sobram de marés contrárias. Se não fosse pelo travo amargo das
inquietações, as recompensas teriam sabor apagado – deixariam de ser
recompensas. Às duas por três, olhamos, inertes, para os relógios espalhados
por todo o lado. E os ponteiros na marcha irremediável. Oxalá os amanhãs que se
prometem no meio de nevoeiros de quimeras não sejam traição maior ao tempo.
O desgaste do tempo sem
lembrança é suicida. Enquanto se varrem os vestígios de outrora desgasta-se o
crédito do porvir. Só há um remédio. Arremate-se o tempo disponível. E o que é
o tempo disponível? É o que está ao alcance dos dedos, o tempo que podemos
agarrar. Agarremo-lo com a força toda das mãos. Seremos arquitetos do tempo que
irrompe, encantador, a cada alvorada. Tomemos entre mãos os utensílios que
esculpem o tempo à nossa volta. Deitemos a folha branca no estirador. E
cinzelemos o tempo à nossa feição, sem cuidar das consumições da exiguidade dos
instantes.
O tempo só é exíguo se o
deixarmos escapar entre os dedos. Saibamos ser arquitetos do tempo que nos é
consagrado para termos mão no fadário. Nessa altura, seremos divindades em nós
mesmos.
1 comentário:
Apenas para deixar os meus blogues:
http://meditacaoparaasaude.blogspot.com
Mto grata!
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