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Arrancado às pedras. Às pedras
que escaldam, tisnadas pelas horas contínuas de sol soberano. Vagueando nos
corredores do pensamento, onde as hesitações eram salvo conduto da inércia. Lutavas
contra ti mesmo. A artilharia toda apontada contra a espontaneidade que
julgavas sufocar por entre o convencimento de que eras o contrário do teu eu.
Das entranhas, onde a lava que era espontaneidade era arrefecida pelos
anticorpos que bolçavam o que em ti era antítese.
Era uma teimosia. Fermentada por
arrependimentos que, soubeste entretanto, são pueris. Podiam os olhos perder-se
num horizonte onde julgavas residir a maresia que enfeitiçava os sentidos. Mas
eram – como dizê-lo? – sonhos, digressões estéreis. Uma fuga para dentro, por
onde o pensamento se arruinava em ondas de um mar alteroso que, todavia, se
esboroava em fraca espuma mal beijava os seixos que bordejavam o limite do
areal. A lava incandescente, que fermentava nas veias incensadas, não podia
sucumbir à indolência forjada.
Num dia, o vulcão soltou os seus
freios. A lava jorrou, abundante. Era um consolo vê-la a descer as encostas,
contorcendo-se vagarosamente, borbulhando bolas de fogo que devolviam à
atmosfera a matéria outrora reprimida. Diriam os desatentos: mas um vulcão não
é entidade assassina, devastando a paisagem por onde a lava escorrega no seu
vagar? Nem tudo pertence à contumácia das imagens retratadas em palavras que
são a devoção do realismo. A letargia que já não era, essa é que era suicida.
Um suicídio de carácter.
Quando o vulcão vomitou pela
cratera, transbordando bolas de lava incandescente, foi como se o início das
coisas tivesse epílogo naquele dia. Sabias que a lava incandescente obrigava a
redesenhar tudo desde uma folha em branco. O tempo pretérito só teria uma
serventia: desiludir os arrependimentos, que esses são bastardos; o tempo
pretérito seria o cabimento das lições aprendidas nesse tempo. Doravante, o dia
seria vivido sem o dia, mas por dentro dele. Ocupando-o pelas entranhas.
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