2.7.12

Roubaram as estrelas


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(Outro ensaio para um conto infantil)
Um certo dia, as crianças chegaram tristes à escola. Na véspera, muitas retardaram o sono mal lhes disseram que as estrelas tinham desaparecido do céu. E não era porque as nuvens tivessem tomado conta do céu, que nessas noites os pais asseguravam que as estrelas continuavam no sítio, só que escondidas. Uns malvados quaisquer tinham apalavrado as estrelas. Não se sabe como fora possível: escutavam o ar pesaroso dos adultos, que trocavam palavras inquietadas por causa da desordem cósmica; e havia discussões na televisão com a participação de cientistas com ar de génio maluco, dizendo palavras que não dava para entender.
Nada disso interessava às crianças. As coisas dos adultos ficavam lá com eles e com o seu palavreado ininteligível (palavra que depressa aprenderam quando ouviram os progenitores a acusarem os cientistas de terem discurso infetado por esta doença). As crianças queriam as estrelas de volta. Algumas vieram para a televisão, chorosas, suplicando a devolução das estrelas. Sem elas não conseguiam dormir. Elas eram anjos distantes que vigiavam o seu sono sereno. Mas as crianças perceberam, das palavras matraqueadas pelos adultos, que as sombras tingiam o horizonte: não se sabia quem tinha sequestrado as estrelas. Mais difícil ficava resgatá-las. Para piorar, as crianças foram desenganadas à bruta pelos impacientes pais. Quando sugeriram a convocação dos super-heróis, os pais destruíram as ilusões com um punhado de secas palavras: “não há super-heróis no mundo real”.
Mas tudo se compõe e os maus acabam por dar com os ossos na cadeia (se antes não forem liquidados pelos bons de serviço). Com os préstimos dos serviços secretos dos países mais poderosos, descobriu-se o autor da maldade cósmica. As estrelas continuavam intactas no lugar onde pertencem. O malvado, um cientista rancoroso consumido por uma doença terminal, quis vingança do mundo. Inventou um filtro que ocultava as estrelas, o filtro intercalando-se entre o planeta e o céu.
Os poderosos exércitos coligaram-se. Foi uma operação relâmpago. Do cientista não sobraram vestígios, tamanha a maldade que fizera. Na noite seguinte, as estrelas estavam de regresso ao seu lugar. E as crianças aprenderam uma lição muito humana: os que praticam grandes maldades são banidos da existência.

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