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Outra eleição, outro choque coletivo
(exceto para a imensa maioria que não foi votar): houve muitos que acharam o
tempo bem empregue a fazer coisas diferentes, não havendo tempo para se
deslocarem à respetiva mesa de voto. Uma eleição é um detalhe. Cada vez mais.
Insignificante, como são os detalhes.
Desta vez chegamos a um número redondo:
dois terços não votaram. Pode ser que os cadernos que ordenam os eleitores
estejam errados, com mortos ainda com capacidade eleitoral a serem eleitores
fantasmas e gente que emigrou e que se faz constar que não foi ganhar a vida lá
fora. Mesmo descontando esses erros de seriação das almas eleitoras, há mais
gente que não vota do que votantes. E ainda que os especialistas, dando
cobertura aos atores dos partidos que assobiam para o alto quando lhes falam da
abstenção, advirtam que foi por causa da Europa, e que poucos sabem o que é a
Europa e qual a serventia do Parlamento Europeu, fica muito restolho espalhado
a contaminar a paisagem.
Talvez seja tempo de parar e meditar. Para
depois interrogar: o que se pode fazer para diminuir a abstenção? Temos de
contar com o hedonismo dominante e com o utilitarismo que serve de mote aos
comportamentos individuais. São os tempos que temos. E se alguém pretender
mudar mentalidades à força, apenas com o pedagógico chicote dos valores que
andam cobertos pelas sombras e que devem ser ressuscitados, que se desengane. Não
vai lá dessa forma. A gravidade do assunto exige medidas radicais. Ajustadas aos
tempos em que somos consumidos, sem pretender forjar aquilo em que nos
transformamos noutro sujeito diferente e ideal.
É altura de considerar a tática da
cenoura. Não que esteja implícito que o eleitorado não votante faça as vezes do
animal que a metáfora coloca atrás da cenoura enquanto esta se move. É apenas
uma metáfora, sem pretender apoucar os não votantes. O que faz falta, é
distribuir prémios pelos eleitores que ainda o quiserem ser. Daqui para a
frente, é deixar a imaginação assomar à superfície. Assim como assim, já se
inventaram sorteios de automóveis para quem paga impostos e denuncia as faturas
das compras que faz. A Europa teria uma palavra importante (pois a doença é
maior quando ela se faz a votos): jantares com celebridades, viagens a lugares
exóticos, automóveis de luxo (com combustível pago durante um ano), um ano sem
pagar impostos, a casa penhorada ao banco que ficaria livre de encargos, os
estudos pagos à descendência (até que os petizes os terminassem) – é só deixar
a imaginação fluir.
Pois se o povo diz, à boca grande, que
grandes males requisitam os grandes remédios, que se atalhe o problema com
medidas radicais. Ou então deixem o povo entretido com a sua não percebida genética
anarquista.
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