Nine Inch Nails, "We're in This Together", in https://www.youtube.com/watch?v=P9BfvPjsXXw
Juntos é que fazemos sentido. Juntos é
que somos fautores da grandeza maior. E se é juntos que contamos, por junto
somos a soma das parcelas que, isoladas, são decepadas partes de um conjunto
que por fim se achou. E como juntos somos, uma identidade singular unge-se por
sobre nós, por em nós ela se achar esteio.
Somos fusão incondicional que não esbulha
responsabilidades. Um furacão indomável que sobe às mais altas ameias da
fortaleza que é nossa residência. Duas vozes que se fundem num uníssono, abraçando
as gratificações e as importunações que vêm do tempo, aleatórias. Vacina contra
as malfeitorias que adejam nas dobras do tempo. Partes contínuas um do outro,
como se houvesse arte de nos proclamarmos extensão um do outro caso não
fossemos já um e só. Cais desempoeirado onde apenas deixamos aportar os navios
que nos apetece. Olhos entrecruzados que perfilham sabores interiores. Vultos
discretos meneando entre as infindáveis ondas furiosas bolçadas pelo mar
varrido ao correr da tempestade, domando-os – mar e tempestade. Poros
indistinguíveis, astutos na osmose magistral que é lição exterior.
Em sendo tudo isto, e o mais que as
palavras não curam de resgatar aos sentidos, somos o que somos e não queremos
senão resguardar dentro de nós. Acautelamos a noite, remetidos ao agasalho onde
adestramos o outro dia que virá depois do sono. Acautelamos a empreitada de que
somos mentores, tirando os freios às alcáçovas onde se aprisionam os sentidos,
tornando-a mais perfeita (ó ambição maior!). E aprendemos com a descomprometida
fruição dos sentidos, sendo ao mesmo tempo seus tutores. Ao mais que à nossa
volta gravita, gritamos surda indiferença.
Juntos, não interessa se é intempérie ou
se é o tempo propício que nos acolhe. Juntos, numa conjunção irrepetível. Pois
se é juntos que contamos, em dobro valemos trinta mil vezes mais do que a soma
das parcelas que somos. Ou que deixamos de ser, na irrefreável volição de
sermos simbiose. Os pés caminham juntos, compassados, em uníssono movimento. Pois
somos uníssono. Por todos os lados, em todo o tempo, sem medo do que de outro
modo seria fonte de temor. Com a incondicionalidade da vontade que
entronizamos.
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