Dead
Combo, “Povo que cais descalço”, in https://www.youtube.com/watch?v=j-isYBLIC_0
1. Que a palavra amor não
seja recusa. Protestam viris personagens e fêmeas destravadas (e uns quantos
entrevados do desamor) que o amor é lamechas. Não interessam os olhos outros se
não aqueles que são intérpretes de um amor. Os derrames da semântica pertencem
aos olhos desfocados dos demais.
2. Amor: simples palavra
que encerra em quatro letras um património que não cabe no mundo. Desenganem-se
os que enfeitam um amor com os paramentos da complexidade. Cometem a aleivosia
da adulteração do amor.
3. O amor é proeza que se
reinventa na durabilidade do tempo. Não é um ato acabado. Os que julgam que
atingiram um apogeu do amor encontraram a chave para a sua finitude. O amor é
sobre desafios incessantes, palavras que se renovam, olhares que se trocam como
se houvesse vez primeira para serem trocados, cumplicidades que se entretecem
na imensidão de um lugar exíguo onde se aloja o amor.
4. O amor acolhe atos
nunca contrafeitos, corpos nus, intenções que quadram no feixe de pensamentos
simultâneos que atravessam a distância que for preciso.
5. Amar é uma exigência.
Sumptuosa e ao mesmo tempo frugal, pela noite ou pelo dia, com palavras e através
de silêncios (que medram a intensidade de um afeto), de olhos abertos ao vento
ou de olhos fechados contra os sobressaltos da chuva enfurecida e, ainda assim,
conseguir ver o rosto amado no avesso das pálpebras.
6. Amar é como salgar o
tempo vindouro e torná-lo perene. Discordando dos manuais de estilo que ensinam
a finitude do tempo: um amor não soçobra com a finitude dos corpos.
7. Um amor é tolerância.
Para com o outro e para o tutor da tolerância.
8. Um amor é uma fórmula matemática que joga na
equação a harmonia de duas almas que encontram palco próprio e mundo único num
castelo em segredo de onde são curadores dos mares inteiros.
9. Um amor é contar as
madrugadas todas, pelos dedos das mãos, até que nas paredes do quarto já não
haja mais alvura entretanto tomada pelo tempo emoldurado nas paredes.
10. Um amor é sobre a
infinitude, sobre os olhares cúmplices, as mãos entrelaçadas, os beijos
demorados, os corpos nus, o apadrinhamento dos mares, as palavras imortais. E é
sobre tudo o que os amantes quiseram que seja.
Sem comentários:
Enviar um comentário