Sunflower Bean, “I Hear
Voices”, in https://www.youtube.com/watch?v=rGhp-OPbpi4
Custosas demandas as que imperam no roteiro de que se é viajante.
Danos à memória e à integridade não merecem indulgência. Dirão: mas se o preço é
uma conturbada demanda, com o chão levantado e em ebulição, não será
procedimento melhor assobiar para o ar e convidar a lua a temperar o estado
febril? Dirão, ainda: capitular é o mal menor quando escarpada empreitada se adivinha
e a incerteza não cauciona resolução a preceito.
Não gosto de capitulações. Não gosto quando elas
implicam com o cerne do ser. Não é o gosto gratuito por uma boa peleja, que as
pelejas desarrumam a serenidade tão dispendiosa. Há que sopesar a peleja. Tirar
as suas medidas, só para abonar se é credora de atenção ou se é preferível
arrumá-la debaixo de um tapete, dedicando olímpica indiferença a quem tratou da
sua sementeira. A dignidade tem um estalão variável se perguntarmos a
diferentes pessoas como a medem. Cada um é o juiz único para aferir os danos
causados à pessoa própria e se é credor de gládio a preceito.
Digo-o com desassombro, convencido que transito nos antípodas
da confrontação (mas posso estar enganado). Se transigir vem de braço dado com
o curvar diante de outros, em jeito de humilhação que causa danos
suplementares, capitular é a única opção a excluir. Dirão, os de fora, que o
sono locupletado e a angústia que sobe à boca de cena podem ser onerosos, um oráculo
a pressagiar a ponderação da rendição. É tudo uma questão de sopesos
comparativos: no outro prato da balança está o ónus de capitular, quando as
dores interiores incendiadas pela inércia constituem consumição ainda maior.
Capitular é a paga frívola para fintar uma rota de colisão.
Não capitular é o imperativo para a alma se sentir lavada. Para não desviar os
olhos do soez que adeja, deixando o agravo abater-se sobre a alma. Pois a alma
não está à venda. Nem aceita as exprobrações que a corrompam. Eis a fronteira
da não capitulação.
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