U.S. Girls, “Window Shades”,
in https://www.youtube.com/watch?v=LoTehhwo7Iw
Qualquer que seja a
equação, o resultado sela uma possibilidade. E as possibilidades quadram com a critério
dos sentidos quando intuem que não adianta porfiar desideratos longínquos, dada
a sua inacessibilidade. Daí que sejamos instruídos, pelos costumes e pela
doutrina escolar, a não medir por alta craveira a bitola das pretensões. Não
adianta lobrigar complexas equações se, a partir de certa altura, se perde o fio
à meada e pela frente está um labirinto sem saída.
Alguns, temerários,
alinhavam o apetite pelo azimute dos desafios. Entediam-se ao saber que o chão
pela frente é um palco liso e sem cor, uma infinita reta que não afiança a
intrepidez de quem se atira para as sinuosas curvas a vertiginosa velocidade.
Não medem, os intrépidos, as baias das possibilidades. Às vezes, o sangue
vertido e as cicatrizes perenes contam como o corpo foi convocado para ser
amparo dos danos da coragem inaudita, de como foi avalista de uma
impossibilidade.
Traduz-se o império
das possibilidades numa hecatombe das feéricas sensações que alguns exigem como
penhor da existência? Julgo saber que não há medida objetiva para tirar a
resposta a limpo. Descontando os ilimites das leis da física, ou as
impossibilidades da natureza, é delgada a fronteira entre as águas mansas das
possibilidades e as areias movediças das impossibilidades, às vezes quase
impercetível. Jogam-se os dados sobre o tabuleiro e a carta escondida na manga
pode ser convite para a vertigem. E quando se julga poder açambarcam as
ametistas escondidas no tesouro, sai a fava: os escombros abatem-se sobre o
corpo indefeso. Que assim testemunha, por intermediação da dor, o peso das
impossibilidades que o arqueia.
Decifrar as
fronteiras dos limites não inclui uma redenção que impeça a ousadia dos passos
convocados pelo porvir. Está sempre à disposição testar os limites que
distinguem uma possibilidade da sua antítese. Em caso de dúvida, especialmente
para os que remetem o marear das possibilidades à letargia, sobra a
possibilidade de iludir a impossibilidade. Convertendo-a, depois, em
possibilidade.
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