You Can’t Win, Charlie
Brown, “If I Know You, Like You Know I Do”, in https://www.youtube.com/watch?v=uZNI-nxX0oo
Provavelmente, um pedaço de gelo
esperado para amolecer o calor que não pertence a este lugar. Provavelmente,
preces aos deuses do tempo, esperando que eles congeminem um tempo que quadre
com o verão que pertence a este lugar.
Sobejam os pirómanos das almas, os
artificiais próceres de regras de conduta, imperando-as sobre os comportamentos
das pessoas (se as pessoas não quiserem ser consideradas apóstatas). São a metáfora
da canícula a despropósito – ou a metáfora do punhal que trespassa as costas, eviscerando
o corpo. Ou, provavelmente, fechamos os olhos, subimos ao palco de um sonho,
montamos nas asas de uma ave de porte e apreciamos a paisagem, depois de
desatado o sono. Para sabermos a linhagem da paisagem: onde estão as planícies,
onde medram as montanhas inacessíveis, os rios lúgubres por efeito da devassidão
da seca estival e, enfim, a linha do mar que espera os rios como seu derradeiro
leito. Desenhamos um mapa para o termos nas mãos como caução.
Não escondemos a sede de saber. Não fugimos
da cultura que nos desafia. Porque se há modesto saber que fazemos gala em ostentar,
é a superioridade do saber em suas versáteis formas. Ou então, procuramos
saciar essa sede nos lugares diferentes que houver por descobrir. Como,
provavelmente, essas cidades à nossa espera estivessem prontas para as
mordermos com a sede de saber que trazemos a tiracolo.
Desaprovamos os pirómanos frugais que
se contentam com a perfídia qualificada, com a ostentação do saber dos outros
em vez de certificarem o saber-saber para os lugares impregnados de cultura que
dariam caução à sua madurez. Não temos nada a protestar contra a leviandade,
desde que ela se aloje nos braços podres dos outros. Não temos palavras a
gastar sobre os rumores alijados pela imodéstia do ser. Só queremos continuar a
voar no dorso da ave de porte e a cartografar as terras que sabemos não serem
nossas antes do exercício. Pois quando vêm ao olhar, são a catálise do saber
sufragado.
(Uma forma diferente de aguentar o tédio
da desfasada soalheira estival.)
Sem comentários:
Enviar um comentário