Jambinai, “They Keep Silence”, in https://www.youtube.com/watch?v=PB1k7CDVWVk
Arrumem-se os embaraços a um canto. Que o caminho esteja desimpedido de rémoras, para a passadeira rubra ser estendida à passagem das excelências que esperam tributo.
Respeitem-se as coisas que têm a espessura das coisas sérias. Respeitinho! Cobre-se pela raiz o topete dos que violam a regra sagrada, esta regra que traduz (traduziria, se fôssemos obrigados a respeitá-la) uma religiosidade pagã, o mesmo sentido acrítico que os crentes das religiões argumentam a favor das divindades de que são crentes.
Não se pode falar mal. Não se pode criticar. Sobretudo: não se pode criticar em tom jocoso, em estilístico exercício de sátira. Porque – lá vem à colação o respeitinho – os cânones são cânones por alguma razão e os seus ícones só merecem aclamação. Os sacerdotes deste dogma dos novos tempos exasperam-se com o contraditório. Talvez tivessem uma existência mais sossegada se toda a gente pensasse no mesmo sentido; ou, em generoso contributo para um módico de tolerância (nem que seja um conveniente faz-de-conta), concedem a existência de contraditório desde que não resvale para o motejo. Caçoar das vacas sagradas é – suspeito que faça parte do seu argumentário – caçoar da tanta gente que os entroniza como vacas sagradas. E, portanto, a sátira não atinge só a sua vítima; oferecem-se-lhe vítimas indiretas, o que justifica a exigência de não se libertar o torniquete da sátira. Que haja respeito – respeitinho – pelo Graal.
Tenho más notícias para os que gostariam de ser castradores da liberdade dos outros: por essas objeções tenho a mesma atenção que dedico à música popularizada como pimba (que é: nenhuma). A tais objeções dedico a mais pura da irrelevância. É igual ao litro que corram conversas acerca do método sarcástico que uso no comentário às coisas públicas. Até a política (essa coisa tão séria) tem de ser levada pela trela do sarcasmo. Para higienizar o pensamento e aprender a conviver com dois princípios gerais que cortam transversalmente a política: a desonestidade genética e a hipocrisia sem escrúpulos.
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