In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoUi6u3YS6vxus3FkGXImmI_p6Vf-tTXWgvXtXXzPodm8ODQZT8BWvyXxsmusMWvBWyVDZ1HhI5aJpzQUjkzlotMFnnZ1QwSREnstZChBVepc10Orc3y-nvWecnN-kP6RsVa6Png/s1600/day+off.png
Dizem que agosto é o mês das
férias de meio mundo. Esse meio mundo desliga-se da terra e a outra metade
trabalha a meio gás. E como parece que nos cansamos da rotina dos outros meses
em que não estamos de férias, tratamos de meter o cérebro em banho-maria, dando
corda a um punhado de neurónios e pondo os outros em pousio. Daí a ausência de
horários para tudo, as leituras prometidas mas que a preguiça adiou, as
conversas sobre frivolidades, o nada fazer que não seja preguiçar, enfim, a
andadura da silly season. Não nos
apoquentemos, que os meses que não são de férias já reclamam o ar sisudo, as
coisas sérias tratadas no requinte das solenidades. Nas férias rompemos com a
anestesia dos meses que o não são. Que cuidemos das coisas superficiais, que
delas também se alimenta o ser entretido na época de descanso. Mas o agosto
abeira-se da sua foz. E enquanto promete desaguar no setembro começam as
consumições que antecipam a profissão reassumida. Devia existir um interruptor
interno que desligasse, sem hipótese de retrocesso, as habituais consumições. Enquanto
não descobrimos tal pólvora, siga o salvo-conduto já rotineiro das férias que
estão a acabar e devolvem as inquietações do trabalho. Extemporaneamente.
Estava capaz de arriscar que andamos com os arreios às avessas, pois pode
dar-se o caso de estarmos iludidos no diagnóstico vezeiro: e se a silly season fossem os onze meses dos
vapores que trazemos do trabalho para casa e as férias fossem o auge da
lucidez? Assim como assim, já há quem redesenhe a economia para fazer o ranking dos países segundo o critério de
felicidade. Admita-se que nas férias não produzimos; eis o mês ideal para
afundar o PIB, como se uma economia adormecida e poltrona tomasse um calmante,
porque um charlatão qualquer afiançara que tal receita dobrava o braço da
maleita. Em não produzindo, somos felizes quando conseguimos desligar das
importunações do trabalho. É quando somos felizes que melhor nos dispomos a
oferecer contributo que se veja para a economia da nação. A silly season devia ir por setembro,
outubro, novembro e por aí fora.
Sem comentários:
Enviar um comentário