28.8.12

Thinking outside the box


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Das certezas que soam a vazio. À passagem do tempo, os saberes traduziam mais dúvidas. As ideias eram desafiadas na sua harmonia. Sentia a necessidade de pensar diferente, coisas diferentes, alindar os campos (até então inférteis) das doutrinas repudiadas. Era um reposicionamento que oscilava ao entardecer, sempre ao entardecer – parecia a hora combinada para as hesitações que consumiam pelo interior. Quando interrogava os saberes que julgava serem, admitia estar menos convencido com as doutrinas por onde transitara. O pior, é que não reconhecia melhor potencial às que eram alternativas. Talvez estivesse apenas a macerar numa profunda confusão. A precisar de uma interior peregrinação que aclarasse as ideias das nuvens plúmbeas que entretanto se acastelaram. A certa altura, pareciam irrelevantes as ideias todas. Eram fragmentos de uma explicação das coisas, fragmentos que traziam à tona pedaços da realidade. Às vezes, apeteciam mais as polémicas com correligionários ou afins. Que as mantidas com sacerdotes das ideias diferentes eram uma canseira e não estava seguro que os adversários não estivessem, afinal, ungidos de razão. Apreensivo, desfiava as perguntas que fermentavam consumições interiores. O pior dilema: desconhecia se era datado o pensamento, o que convocava a humildade intelectual de as renegar, para depois alistar em doutrinas que foram rivais; ou se era apenas um capricho, o sonoro bocejo por causa da rotina do pensamento quase imutável. Não demorou o diagnóstico: temia que a espingarda arremetesse contra a segunda hipótese, e a primeira mereceu sentenciação. Ficava melhor no retrato. Em surdina, sem esboçar esgar de desprazer pessoal, inquietava a possibilidade de um cansaço ditado por capricho. Superou a metódica hesitação. Refugiado num novo retrato interior, os alicerces das ideias de outrora destinados ao lugar de ruínas, era um daqueles transviados que dão a cara. Um pensamento teria de existir. Se fosse a negação do pensamento alinhavado nos muito anos anteriores, que houvesse humildade para admitir que os olhos viam por um diadema enviesado. As ideias, novas e já não estranhas, começavam a soar no alpendre da lógica.

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