30.8.12

E agora que termina a silly season


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Dizem que agosto é o mês das férias de meio mundo. Esse meio mundo desliga-se da terra e a outra metade trabalha a meio gás. E como parece que nos cansamos da rotina dos outros meses em que não estamos de férias, tratamos de meter o cérebro em banho-maria, dando corda a um punhado de neurónios e pondo os outros em pousio. Daí a ausência de horários para tudo, as leituras prometidas mas que a preguiça adiou, as conversas sobre frivolidades, o nada fazer que não seja preguiçar, enfim, a andadura da silly season. Não nos apoquentemos, que os meses que não são de férias já reclamam o ar sisudo, as coisas sérias tratadas no requinte das solenidades. Nas férias rompemos com a anestesia dos meses que o não são. Que cuidemos das coisas superficiais, que delas também se alimenta o ser entretido na época de descanso. Mas o agosto abeira-se da sua foz. E enquanto promete desaguar no setembro começam as consumições que antecipam a profissão reassumida. Devia existir um interruptor interno que desligasse, sem hipótese de retrocesso, as habituais consumições. Enquanto não descobrimos tal pólvora, siga o salvo-conduto já rotineiro das férias que estão a acabar e devolvem as inquietações do trabalho. Extemporaneamente. Estava capaz de arriscar que andamos com os arreios às avessas, pois pode dar-se o caso de estarmos iludidos no diagnóstico vezeiro: e se a silly season fossem os onze meses dos vapores que trazemos do trabalho para casa e as férias fossem o auge da lucidez? Assim como assim, já há quem redesenhe a economia para fazer o ranking dos países segundo o critério de felicidade. Admita-se que nas férias não produzimos; eis o mês ideal para afundar o PIB, como se uma economia adormecida e poltrona tomasse um calmante, porque um charlatão qualquer afiançara que tal receita dobrava o braço da maleita. Em não produzindo, somos felizes quando conseguimos desligar das importunações do trabalho. É quando somos felizes que melhor nos dispomos a oferecer contributo que se veja para a economia da nação. A silly season devia ir por setembro, outubro, novembro e por aí fora.

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