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Bonançosas, as alvoradas que se
oferecem ao olhar estremunhado, ainda viçosas pelo orvalho depositado nas
flores. O olhar que não sabe se está estremunhado pela miopia de um acordar, ou
se é da bruma madrugadora que plana sobre o horizonte. Depressa o olhar se
despoja do estorvo ensonado e lança âncora, enfeitiçado, na manhã colorida que
se depõe no altar do dia. Ainda de tronco nu, abre a janela. É cedo, muito cedo
para ser asfixiado pelo bulício de uma cidade que se pôs, atarefada, a caminho
da jornada. Uma constelação de aromas invadiu a brisa, esmaga-se no seu peito
desnudado. A alvorada é o império das flores que despontam para o dia que se
promete através do sol que espera o seu atrevimento. E enquanto o dia soalheiro
não é pautado pela canícula bolçada pelo sol que se fez alto, as flores
encantam-se com o lampejo de frescura que veio com o amanhecer.
Deteta múltiplos aromas de
flores. Naquela manhã, dir-se-ia que havia a alquimia dos aromas florais esboçada
no tubo de ensaio de um fazedor de perfumes. Por entre a policromia de aromas,
descobrira o jasmim. Sentia um perfume jasminado.
Encantando com a sinfonia de aromas que rimava com a quietude da hora matinal,
detinha-se à janela, os olhos longamente fechados. Estas manhãs jasmim eram curativas
para um dia que aterrava na sua grandeza. Ainda de olhos fechados, o jasmim a
possuir os pensamentos esparsos, naqueles instantes de levitação pressentia que
era todo ele singularidade. Não havia medos por diante, nem traumas herdados de
outrora, ou sobressaltos que tivessem tanta grandeza para aplacar a sumptuosidade
da quimera povoada pelas manhãs jasmim.
Diria que era alimento bastante.
Para um dia inteiro. Aquela vintena de minutos em êxtase matinal, pela mão do
jasmim que, vindo das redondezas, erguia o seu cálice aromático para gáudio da
jornada que se punha tão radiante no fio do horizonte.
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