3.8.12

Manhãs jasmim


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Bonançosas, as alvoradas que se oferecem ao olhar estremunhado, ainda viçosas pelo orvalho depositado nas flores. O olhar que não sabe se está estremunhado pela miopia de um acordar, ou se é da bruma madrugadora que plana sobre o horizonte. Depressa o olhar se despoja do estorvo ensonado e lança âncora, enfeitiçado, na manhã colorida que se depõe no altar do dia. Ainda de tronco nu, abre a janela. É cedo, muito cedo para ser asfixiado pelo bulício de uma cidade que se pôs, atarefada, a caminho da jornada. Uma constelação de aromas invadiu a brisa, esmaga-se no seu peito desnudado. A alvorada é o império das flores que despontam para o dia que se promete através do sol que espera o seu atrevimento. E enquanto o dia soalheiro não é pautado pela canícula bolçada pelo sol que se fez alto, as flores encantam-se com o lampejo de frescura que veio com o amanhecer.
Deteta múltiplos aromas de flores. Naquela manhã, dir-se-ia que havia a alquimia dos aromas florais esboçada no tubo de ensaio de um fazedor de perfumes. Por entre a policromia de aromas, descobrira o jasmim. Sentia um perfume jasminado. Encantando com a sinfonia de aromas que rimava com a quietude da hora matinal, detinha-se à janela, os olhos longamente fechados. Estas manhãs jasmim eram curativas para um dia que aterrava na sua grandeza. Ainda de olhos fechados, o jasmim a possuir os pensamentos esparsos, naqueles instantes de levitação pressentia que era todo ele singularidade. Não havia medos por diante, nem traumas herdados de outrora, ou sobressaltos que tivessem tanta grandeza para aplacar a sumptuosidade da quimera povoada pelas manhãs jasmim.
Diria que era alimento bastante. Para um dia inteiro. Aquela vintena de minutos em êxtase matinal, pela mão do jasmim que, vindo das redondezas, erguia o seu cálice aromático para gáudio da jornada que se punha tão radiante no fio do horizonte. 

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