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Para vir nas revistas que
espiolham a vidinha da gente bonita, apessoada e cheia de pergaminhos. Para ser
reconhecido nas ruas à medida que passeio a soberba por entre os mortais que
não passam da anónima cepa torta. Reconhecido e invejado. Quero. Ir às festas
onde toda a nata social dá à costa, mais os aspirantes a sê-lo. Aperaltado como
mandam os preceitos. Se sobrar cabelo, ele todo lambidinho por uma mão-cheia de
gel, a camisa desabotoada até meio do peito para melhor provar o bronzeado
estival. Emparelhar com a consorte, nos seus cabelos deslumbrantes e do alto da
sua frivolidade. Fazer sala aos da mesma estirpe, com converseta sem assunto a
não ser as banalidades usuais. Beber Martinis separando negligentemente a
azeitona que lhes servir de enfeite. Enquanto trato os da confraria por “você”
e deixo decair o sotaque para maneirismos cascaenses. Passeando roupa de marca,
que pedi de empréstimo ao primo em segundo grau que explora o franchising da marca da moda. Chegar às
festas sociais no bólide que um tio rico, de quem sou sobrinho dileto, me
emprestou. Responder com desdém aos meus serventuários, com a escusa do “por
favor” quando ordenar comezainas e roupas em restaurantes e boutiques. Quero
que os arrivistas sociais, tão entusiasmados com o que se publica na imprensa
do ramo, sussurrem entre eles que me estão a reconhecer das fotos das revistas
quando se cruzarem comigo. E eu, com ar de sobranceria incomodada, a antipatia
que marca a distância entre o pedestal onde só os notáveis põem pé e os lugares
rasteiros habitados pela ralé. Quero tudo isto e o mais que o néon social me
presentear. Nem que não tenha onde cair morto e vá vivendo um dia atrás do
outro mercê dos convites para lustrar eventos sociais pagos à contrapartida de
espécie.
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