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A pose garbosa do galo, na sua
crista eriçada é a metáfora de uma idiossincrasia. Remete para o quotidiano do
galinheiro. É lá, onde o galo é rei e os demais galináceos baixam a crista, que
estão os rudimentos que se aparentam com povo: a grandiosidade herdada de um
passado que se ensina nos bancos de escola, mas só um fausto de que sobram
vestígios em forma de livro ou nas fortificações deixadas para trás na
geografia por onde passaram os conquistadores. As criancinhas, essas, têm duas
hipóteses: quando assentam os pés no chão e começam a ter pensamento próprio,
processam os pedagogos por publicidade enganosa, ou mergulham numa depressão de
quem se achou numa irrelevância que não quadra com os pergaminhos da história.
É como o galo que teima em ser
estandarte da idiossincrasia. O bicho tutela o galinheiro. Fora dele, não vale
um chavo. Se o galináceo garboso sai da capoeira, não tarda a ser acossado
pelos da espécie poderosa. Pode esbracejar as asas, palrar esganiçado, ensaiar bicadas
agressivas. Do pescoço estrafegado por uma cozinheira insensível não se salva.
De que vale a pose majestosa, o harém que protege dentro da capoeira? A
resposta virá, horas depois, na travessa que sair do forno e nos pratos dos
convivas amesendados. O galo de pele tisnada e carne amaciada pela salmoura que
lhe foi preparada não passa de ingrediente da digestão dos comensais.
O galo, coitado, é um postiço
adereço. À imagem da idiossincrasia de que se julga ser seu pendão. É o triste fado
de quem de si faz uma imagem maior. E se os dias são de olímpicos jogos, uma
hipérbole traduz o irrisório galo que retrata uma idiossincrasia folclórica: em
cem anos de jogos olímpicos metemos a mão em tantas medalhas quantas as
açambarcadas por um só nadador multicampeão ao longo da sua carreira.
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