Extinta a saga paternalista, de volta à discussão de ideias. Agora, sim, há equilíbrio…
Do comentário resultam duas ideias – uma que vou contestar, a outra que vou subscrever. Por um lado, um ataque ao poder económico, como se fosse o grande Satã que traz todo o mal que por aí anda. Estou familiarizado com a retórica: são as empresas que usurpam o bem-estar das grandes massas de consumidores que, por paradoxal que pareça, não passam sem o consumo daquilo que as empresas oferecem no mercado. Sim, no mercado. Se o Carter tanto acredita nas pessoas como entes individuais, decerto não me vai convencer que as pessoas – cada pessoa como um átomo do universo que somos a humanidade – são enganadas pela maléfica publicidade e cai no engodo do poder económico.
Talvez fosse importante imaginar um “anti-mundo” feito sem o pernicioso capitalismo. Uma sociedade que condenasse o lucro, essa perfídia. E tentar cogitar as consequências: a falta de incentivos para a dinamização económica, menos empresas, menos produtos, menos necessidades de consumo satisfeitas, menos emprego, menos rendimento para distribuir. Mais miséria.
É por isso que, ao contrário do Carter, vejo a globalização que cai sobre nós como um fenómeno positivo. Quanto mais o poder económico se emancipar do poder político, quanto mais for o bem-estar proporcionado aos consumidores (descontando a possível alienação que isto pode trazer – mas, que raio, somos ou não responsáveis pelos nossos actos, pelas nossas opções?), maior é a liberdade individual de todos e cada um de nós. Para tal o mercado é entendido como um lugar de interacção voluntária, onde ninguém força ninguém a resultados indesejados. Outra é a música tocada pelo processo político, cheio de arbitrariedade e imposições que espezinham a liberdade individual.
No comentário do Carter há um segundo aspecto com o qual estou em total concordância. Tem a ver com a crença no indivíduo (cito, “(…) o quinto poder emergente - a individualidade”). A afirmação da essência individualista é um traço distintivo das correntes que afirmam um movimento libertário que contesta todos os colectivismos passados e presentes e que rejeita a existência do Estado como construção necessária para o bom funcionamento dessa abstracção chamada sociedade. É bom saber-te individualista, Carter, porque isso supõe a negação de muitos dos dogmas que tens apresentado no passado. Serve, ao mesmo tempo, para desnudar preconceitos (neste caso contra o diabólico “poder económico”).
Terei contribuído para o teu equilíbrio, ao ver-te defender por portas travessas o que antes rejeitavas? O pêndulo oscila de um lado para o outro, deixa as sementes de um equilíbrio prosaico que não nos deixa cair que nem tordos sem norte para encontrar.
Do comentário resultam duas ideias – uma que vou contestar, a outra que vou subscrever. Por um lado, um ataque ao poder económico, como se fosse o grande Satã que traz todo o mal que por aí anda. Estou familiarizado com a retórica: são as empresas que usurpam o bem-estar das grandes massas de consumidores que, por paradoxal que pareça, não passam sem o consumo daquilo que as empresas oferecem no mercado. Sim, no mercado. Se o Carter tanto acredita nas pessoas como entes individuais, decerto não me vai convencer que as pessoas – cada pessoa como um átomo do universo que somos a humanidade – são enganadas pela maléfica publicidade e cai no engodo do poder económico.
Talvez fosse importante imaginar um “anti-mundo” feito sem o pernicioso capitalismo. Uma sociedade que condenasse o lucro, essa perfídia. E tentar cogitar as consequências: a falta de incentivos para a dinamização económica, menos empresas, menos produtos, menos necessidades de consumo satisfeitas, menos emprego, menos rendimento para distribuir. Mais miséria.
É por isso que, ao contrário do Carter, vejo a globalização que cai sobre nós como um fenómeno positivo. Quanto mais o poder económico se emancipar do poder político, quanto mais for o bem-estar proporcionado aos consumidores (descontando a possível alienação que isto pode trazer – mas, que raio, somos ou não responsáveis pelos nossos actos, pelas nossas opções?), maior é a liberdade individual de todos e cada um de nós. Para tal o mercado é entendido como um lugar de interacção voluntária, onde ninguém força ninguém a resultados indesejados. Outra é a música tocada pelo processo político, cheio de arbitrariedade e imposições que espezinham a liberdade individual.
No comentário do Carter há um segundo aspecto com o qual estou em total concordância. Tem a ver com a crença no indivíduo (cito, “(…) o quinto poder emergente - a individualidade”). A afirmação da essência individualista é um traço distintivo das correntes que afirmam um movimento libertário que contesta todos os colectivismos passados e presentes e que rejeita a existência do Estado como construção necessária para o bom funcionamento dessa abstracção chamada sociedade. É bom saber-te individualista, Carter, porque isso supõe a negação de muitos dos dogmas que tens apresentado no passado. Serve, ao mesmo tempo, para desnudar preconceitos (neste caso contra o diabólico “poder económico”).
Terei contribuído para o teu equilíbrio, ao ver-te defender por portas travessas o que antes rejeitavas? O pêndulo oscila de um lado para o outro, deixa as sementes de um equilíbrio prosaico que não nos deixa cair que nem tordos sem norte para encontrar.
À espera de mais trocas de ideias…
2 comentários:
Não vou comentar ou discutir ideias.
Apenas manifestar o meu apreço pelo teu regresso aos comentários. Só te dignifica.
Enfim, não será novidade para quem já te conhece, mas pode ser revelador para quem não te conhece. Embora saiba que isso não te preocupa.
Gostei.
Ponte Vasco da Gama
Hellas,hellas......Soyez bienvennue
Boa tarde,
Ou te enganaste ou na tua "febre" de combate às esquerdas não entendeste a minha posição; já desde as primeiras trocas de ideias...Provávelmente não me consegui exprimir da melhor forma.
- Sou de esquerda pois claro mas também como tu sou um desiludido com " as esquerdas"; a nossa diferença é que não perdi a noção da realidade e não deixo que as minhas criticas se misturem e ultrapassem as da direita e da extrema direita,no combate ás ditas esquerdas.Critico, sempre, mas com temperança.
-Não combato muito daquilo que tu defendes na perspectiva de criação de riqueza ( não faço distinção entre capitalismo e socialismo em termos de organização de sociedade)
- sou um defensor da liberdade individual...sempre ( não utilizes os dogmas que muitos de nós defendemos nos anos 70 e 80´s como argumentos para as questões actuais; como todos, cresci, evolui acompanhando o desenvolvimento da sociedade.
-acredito numa sociedade livre e em relações fortes.Acredito nas pessoas como deves saber e acredito que são elas a verdadeira essência da sociedade.
-Sobre o dito poder económico, acho que não entendeste ou não quiseste entender.Mas é claro meu "caro amigo" ( expressão diluidora de tensão- ouve os meus caros amigos do Chico ) que eu não sou contra o motor económico como peça fulcral do desenvolvimento da sociedade.Defendi e defendo Marx em termos teóricos pois foi e ainda hoje é o unico´que explicou a sociedade capitalista, as mais valias e a criação de riqueza.
-é nas distribuição de riqueza que divergimos;defendo mecanismos reguladores que acautelem e diminuem as assimetrias entre ricos e pobres ( politica social e fiscal); sem esses mecanismos caimos na situação que estamos neste momento a viver......Liberalismo desenfreado, acéfalo,sem respeito pelo individuo e pelo ambiente .Sem regras as empresas transformam-se em grandes corporações, aniquilam a concorrencia, destroem os estados nação e controlaram o mundo.Deves recordar-te de que mesmo nos EUA existem mecanismo de impedir este facto ( o império Roquefeller foi dividido em 3 grandes companhias e muito recentemente a administração Clinton tentou fazer o mesmo com a toda poderosa microsoft-claro que Bush não o vai fazer)
Sobre os outros pontos que referiste,voltarei em breve.
Claro, a globalização, o Mcworld,esse fenómeno que nos poderá destruir como individuos pensantes,transformando-nos em consumidores universais....resta-nos então o estado nação para ser o ultimo baluarte de resistência.
Um abraço
Carter
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