Um dos maiores arquitectos do mundo fez cem anos. Ou terá sido um dos rostos mediáticos que ainda acredita no comunismo que fez cem anos? A comunicação social não deixou passar o centenário sem celebração. A TSF lembrava-me que Óscar Niemeyer fazia cem anos. Na peça laudatória, o jornalista só de relance destacou a arte de Niemeyer. Só ao início fez menção ao arquitecto, à sua extensa e arrojada obra, ao desassombro que foi projectar Brasília, até a um hotel no Funchal que tem a sua assinatura. O resto do tempo foi gasto com a orgulhosa condição de comunista do arquitecto.
Primeiro acto: os encómios do homem que se destacou como arquitecto passam ao lado desta faceta, toda a atenção no empenhamento ideológico. Desprestigiante para quem dedicou uma vida inteira à arquitectura? Não que a intervenção cívica seja parte menor na vida de alguém. Não quero desconsiderar o empenhamento ideológico de Niemeyer. Pode-me ser desconfortável, mas o comunista não sou eu. Fico perplexo quando um homem com tão importante obra arquitectónica aparece aos olhos da opinião pública como um dos últimos dinossauros do comunismo, como se esse fosse o maior motivo para o tornar conhecido. É como se toda a sua obra fosse relegada para plano secundário, desvalorizada perante essa coisa maior que é a crença no comunismo como a ideologia perfeita.
Segundo acto: o romantismo de muita comunicação social, enamorada pelo comunismo. A mesma imprensa que aparece na linha da frente a denunciar os atropelos da extrema-direita – o “fascismo”, que tudo o que ressoe a diabólico cai no saco do “fascismo”. E, no entanto, há relatos entusiasmados de ícones do comunismo, como se no comunismo não houvesse também experiências hediondas de negação da liberdade de expressão, tantas mortes praticadas sob pretexto da “revolução proletária”. Dois pesos, duas medidas.
Este comportamento contraria a imparcialidade que se espera dos jornalistas. Nada contra as convicções dos jornalistas – as pessoais, as religiosas, até as ideológicas. O que me custa é dar de caras com jornalistas que escorregam com facilidade para a doutrinação da audiência. Só não percebo se o fazem por ingenuidade, tomados pela emoção das causas, inebriados pela militância ideológica; ou se há ali intenção, encantados pelo missionarismo que faz da profissão de jornalista o caminho para educar as massas. Jornalismo assim é de provocar o vómito. A menos que o jornalismo moderno tenha mudado os cânones e já não esteja comprometido com a imparcialidade.
Ao escutar o relato deliciado do jornalista da TSF, destacando Niemeyer como comunista mais do que arquitecto, adivinhei a pele arrepiada do jornalista à medida que ia desfilando a peça laudatória. Quase ficava comovido. Um acto emotivo de lírico compromisso com o comunismo, a ideologia certa que, para desdita do jornalista, fracassou. Também fico comovido quando tenho pela frente estes desiludidos do mundo, desafinados com a História, convictos que a queda do império comunista foi um tremendo erro da História. Comovo-me só de pensar na sua orfandade. Percebo-os bem, porque também padeço de orfandade, que todavia se distancia desta orfandade por não ser nostálgica de nenhum regime ou de ideologia que vingou no passado ainda recente. A minha nostalgia está mais na antinomia com o que existe.
O centenário de Niemeyer foi a ocasião ideal para tirar esqueletos do armário. E recordar, pelas palavras do arquitecto que nunca se recusou a fazer intervenção cívica, que o comunismo é a utopia que ficou por cumprir. Se há um passado vergonhoso a manchar o comunismo em acção, não passa de um detalhe insignificante, um ligeiro erro de percurso que não prejudica a superioridade do comunismo. Só falta perguntar que outro julgamento da História será necessário para colocar o comunismo no cadafalso. Ou se o comunismo teve apenas maus intérpretes, próceres de tanta gente que ousou dissidir e que pagou o tão elevado preço da vida. São os mesmos que apregoam à exaustão as palavras “liberdade” e “democracia”, corroidos pela memória distorcida dos países onde o comunismo viveu longas décadas na prova de que nem democracia nem liberdade chegaram a ser praticadas.
Niemeyer foi usado como o comunista ideal, no desapego dos valores materiais, na proclamação de um mundo sem pobres e também sem ricos. O jornalista contou, ainda toldado pela emoção, como o arquitecto deu uma casa ao motorista, outra ao jardineiro e como a generosidade se consumou com a oferta de inúmeros edifícios para espalhar sedes do partido comunista do Brasil. Só se esqueceu de pontuar o discurso com duas observações: a generosidade é um acto individual, que apenas depende da consciência de cada um, não devendo ser imposta de fora para dentro; e que há, entre a “corja” dos “porcos capitalistas” (para usar o linguajar tão típico) quem faça semelhantes benfeitorias.
É que isto do mundo ser um binómio entre os bons e os maus (neste caso: os bons são os comunistas; os maus todos aqueles que se entregam aos fúteis devaneios das mordomias do dinheiro) é uma alegoria mais ao jeito do Hollywood que os comunistas rejeitam. A menos que já tenham sido contagiados pelo espírito hollywoodesco...
6 comentários:
Será que te faz assim tanta comichão?
Eca!!! vaso ruim não quebra, acaba o mundo fidel e niemayer não morrem, vão virar ministros do demo...
que comentarios tao pouco estruturados...
Que mesagem mas sem (cultura)
claudio
essas pessoas nao sabe mesmo oque fala eu vou deixar um recado lindo pra vc
a vida e repleta de paixoes e emoçoes e a sua vida e a vida mais linda que deus já pode ter feito e vc e a pessoa mais abençoada do mundo se deus fez uma pesoa mais abemçoada do que vc ele ainda nao fez o favor de me mostrar bjs de dayane vanessa dias de oliveira voce e muito querido por mim e por deus
essas pessoas nao sabe mesmo oque fala eu vou deixar um recado lindo pra vc
a vida e repleta de paixoes e emoçoes e a sua vida e a vida mais linda que deus já pode ter feito e vc e a pessoa mais abençoada do mundo se deus fez uma pesoa mais abemçoada do que vc ele ainda nao fez o favor de me mostrar bjs de dayane vanessa dias de oliveira voce e muito querido por mim e por deus
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