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Imprime o cartão. O cartão de
presidiário. Que foges para os braços do cárcere. Tantas as travessuras,
excita-te o cheiro da ilegalidade. Até te fizeste bacharel em leis só para com
elas travares conhecimento. Só para melhor saberes como as rasgas.
Dizes que não tem explicação. Reconheces
a consciência do ilegal – tanto que até te esmeraste no estudo das leis.
Admites alguma esquizofrenia a correr nas veias. Ao deitar, depois de outro dia
preenchido por ilegalidades, a cabeça adormece no seu arrependimento.
Arrependes-te quando as ilegalidades apanharam vítimas inocentes. Arrependes-te
da delinquência inconsequente. Mas, ao acordar, depois de um sono apaziguado,
retomas a fúria criminal. E caldeias as dores de consciência: assim como assim,
os inocentes apanhados no meio da avassaladora destruição das leis não são
vítimas. Tu queres meter o punhal bem fundo na carne das autoridades.
Escarafunchá-la vistosamente, até o sangue se derramar em torrentes quentes.
Admites o cadastro. E sabes que
és perseguido pelas polícias – e até o teu retrato aparece anexado às paredes
encardidas, o cartaz encimado por um luzidio “procura-se”. Tiveste de puxar
lustro a outros predicados: os disfarces deixam vir à rua sem seres importunado
pelos agentes, fardados e à paisana, que partiram em tua demanda. Ah, como te
dá prazer cruzar, uma e outra vez, com os agentes da autoridade. E como te
acometeu um prazer indizível quando um polícia, empunhando o cartaz com o teu
rosto fora de lei, perguntou se conhecias o foragido.
Não te atemorizas com o
sobressalto contínuo. Tens a consciência que um dia será a última noite que
repousas o sono no teu quarto. É tão jovial a fraudulência que assumes o risco
calculado. Mesmo ao rever as narrativas dos muitos criminosos que se tornaram
peritos em evasão à polícia mas que, num epílogo qualquer, caíram às mãos de
uns polícias triunfais.
A pior prisão que tomas como
certa é a ladainha de uma biografia com os passos contados, sem que os pés
arrisquem dois decímetros fora das baias.
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