14.6.12

Quem disse que a política não pode ser risível?

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As crises, quanto mais fundas e demoradas, melhores. É nelas que mais se puxa o lustro à criatividade. Já em tempos, um especialista nos efeitos terapêuticos das crises (Schumpeter) explicou que elas produzem uma força criativa. Servem para varrer a poeira do chão e começar a construção do zero. Garante o especialista que ficamos orgulhosos da empreitada.
Vou às manifestações de criatividade que, com esta crise, fervem nas mentes inventivas que saíram da toca. Um dia destes, um daqueles gurus internacionais da economia (Roubini) tirou um gordo coelho da cartola: para a Europa se livrar da crise, o governo da Alemanha deve forrar os bolsos dos seus contribuintes com mil euros. Com uma condição: o complemento ao subsídio de férias só seria obtido se os subsidiados fizessem férias num dos pobretanas mediterrânicos que está a beira da apoplexia financeira.
Vamos passar a ideia como se fosse um filme diante dos nossos olhos. Cada pagador de impostos alemão a receber um cheque-férias de mil euros. E depois, tinha de assinar um compromisso de honra declarando que a maquia ia ser gasta em férias mediterrânicas? Podia a execução da notável ideia corresponder a outra modalidade: como consta que os alemães desconfiam de tudo e de todos, a idiossincrasia estaria de contágio às autoridades. Das duas, uma: ou o cheque seria endossado a uma agência de viagens que faria as marcações dos voos e do complexo turístico num dos quatro mediterrânicos de calças na mão; ou os mil euros seriam pagos contra fatura comprovando a estadia em destino mediterrânico (nunca confiando).
Adivinha-se a plausibilidade da ideia. Os alemães a serem indiscretamente convidados a fazerem férias onde se calhar não lhes apetece pôr os pés. E os outros que quisessem destinos diferentes a serem ostracizados, sem poderem deitar mão ao subsídio de férias extra.
Como anteontem com o texto do Rui Tavares, a conclusão engatilhada: Nouriel Roubini tem de ter cuidado com os fornecedores de substâncias intoxicantes. Parece que elas andam adulteradas. Com prejuízo para o juízo.

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