In https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWBfIgpTOLVpXAX8ipgxJw61xz4O12Vta0QRlZ-Pfn3xxL89WWS8P304acr2cA9s4NRpVTaBaIgjpis1nMr_Wcr9BiXOFYvzIzoLuWuZ_B7kqR5GTV9prGAfKXi3Hsf6GqXXUu9w/s400/viriato+rev7low.jpg
Quem já ouviu as fabulosas
estórias da resistência de Viriato aos invasores romanos, deve agora ter
percebido a têmpera de que é feita o povo lusitano. Agigantamo-nos ao pé dos
gigantes. Queremos ser como eles, do mais alto da nossa pequenez. Não nos intimidamos
com a pequenez. Que não nos medimos aos palmos, nem por milhões de habitantes
se cevam os quadrantes de um país.
Poderia lacrimejar, ao jeito do
Pacheco Pereira, que isto aconteça quando a ditosa pátria se alevanta para
glorificar as proezas dos atletas patrícios. Não interessa a estéril discussão
sobre quanto contam os feitos desportivos no engrandecimento das nações. Uns
defendem-nos como sinal da vocação superior de um povo. Outros (porventura mais
acertadamente) avisam que as proezas dos desportistas são feitos individuais,
que é extorsão pegar nas taças e devolvê-las à nação – como se uma nação
inteira corresse nas pistas de tartan, ou se milhões em uníssono intelectual
ajudassem a meter golos na baliza do adversário.
Tocante é ver, por estes dias de
certame futebolístico, como ferve a verve nacionalista. Por vezes roça o
primário. Na defesa das “cores da bandeira nacional”, a irracionalidade faz uma
tangente aos dogmas de uma religião qualquer. Os mais entusiastas dirão que é
um sinal de pertença. Se nos revemos nesta pertença, sobressaltamo-nos quando
os “nossos” (ou, na expressão mais idiota que se ouve por estes dias, a
“seleção das quinas”) estão no campo de batalha a lutar pelos triunfos.
O circo de outrora, seja o
romano em que gladiadores lutavam contra bestas ferozes, seja o das guerras em
campos abertos com homens a cavalo metidos dentro de pesadas armaduras, tem a
sua versão moderna em relvados alindados. Os intérpretes são homens cheios de
tatuagens, calções abaixo do joelho, penteados destrambelhados e propensão para
a calinada gramatical. Eles lá dentro aos pontapés na bola, mostrando-se para o
contrato melhorado, e nós deste lado julgando que lutam pela “bandeira”. Por
estes dias de febre patrioteira, a falta de lucidez faz-nos (aos que se
incomodam com o assunto) anões com alma de gigantes. Ao menos isso: a
autoestima atirada aos píncaros.
É pena que a fabulosa estória do
Viriato seja uma lenda. E, portanto, a tal “seleção das quinas”...quinou.
Sem comentários:
Enviar um comentário