3.5.13

A América Latina chegou à Trofa


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A consideração pelas juventudes partidárias? Inversamente proporcional à densidade do chumbo. Sempre que possível, olho para o lado quando jovens militantes do aparelho partidário fazem gala em mostrar por que se deve descrer, a uma só vez, das juventudes partidárias, dos partidários enquistados na oligarquia do poder, e do futuro. Porque o futuro são estes jovenzinhos que fazem o tirocínio da querela, da mentira, do boicote, da fação oportunista, da falta de escrúpulos. Os jovenzinhos hão de ser profissionais da política do partido, sem aprenderem a ter outra utilidade se não ocupar sinecuras presenteadas pelo bodo do poder e dos lugares inerentes em que o partido mete a mão.
(Leio as palavras que ficaram para trás e apetece arrepender de as ter escrito. Porque elas soam a um moralismo de que não sou, nem quero ser, tutor.)
Há ocasiões em que a palavra não pode ficar reprimida. (Mesmo correndo o risco de escorregar para o moralismo bafiento.) Por exemplo, quando jovenzinhos laranjas e cor-de-rosa da Trofa se meteram em coboiadas pouco edificantes. Coisa de polícia. Uns acusam os outros de agressões e vice-versa. Consta que tudo começou porque os cor-de-rosa arrancaram cartazes dos da oposição – cartazes que não seriam lisonjeiros para a edilidade do lugar, cor-de-rosa a sua cor.
Ato contínuo, pela calada da noite, jovenzinhos laranjas montaram um cerco gangster a um automóvel onde circulavam jovenzinhos cor-de-rosa, com acusações de agressões pelo meio. Ao que os acusados ripostaram no plano da retórica: perseguiram os acusadores porque estes não souberam respeitar o código de comportamento democrático e arrancaram cartazes que lhes eram pouco simpáticos. Ou seja: futuros autarcas, ou governantes, ou gestores da coisa pública, a fazerem justiça pelas próprias mãos. Como vem nos livros (Constituição incluída) que ensinam os esteios do Estado de direito. Pelo meio, e para tornar o episódio ainda mais instrutivo, um vereador com idade para ter juízo terá ameaçado duas jovenzinhas laranjas que corriam o risco de apanhar uns tabefes se persistissem na irreverência que, na maneira de ver do vereador, roçava o insulto.
Quem ainda tiver dúvidas acerca dos cáfilas que se aninham nas juventudes daqueles partidos que mais metem a unha no banquete do poder, que tire as suas conclusões. Enquanto as juventudes partidárias servirem para alojar gente sedenta de uma sinecura oficial, e os jovenzinhos forem assim instruídos pelos progenitores e padrinhos que são acometidos por um raciocínio pragmático e ensinam “se os outros sobem assim, por que não hás de tu fazer o mesmo, meu filho?”; e enquanto os jovenzinhos aprenderem mais com as cenas de pancadaria em parlamentos latino-americanos (com destaque para as lições de tolerância que chegam da Venezuela) do que com ausentes leituras dos clássicos que ensinam política, as juventudes partidárias não vão perder os seus pergaminhos. De carcinomas entidades.

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